Da Sucursal de Brasília

O telefone da representação do Ministério da Previdência em São Paulo esteve sob escuta clandestina por um longo tempo (até o início deste ano), atrapalhando os trabalhos de combate às fraudes dos hospitais. A informação foi dada pelo secretário geral da Previdência, Jofran Frejat. Segundo ele, o ministro Jarbas Passarinho começou a desconfiar, no final do ano passado, que suas conversas com Roberto Souto Maior — um ex-delegado da Polícia Federal que o ministro convidou para coordenar as investigações — haviam vazado para as pessoas que estavam sob a mira das investigações. Ainda não se sabe exatamente quem colocou os aparelhos de escuta no gabinete da representação paulista.

Segundo Frejat, este trabalho de, escuta pôs abaixo várias ações que  visavam surpreender os hospitais.

"Toda vez que a conta de um hospital ! ultrapassava em 10% os limites fixados, nós avisávamos o Roberto Souto Maior. Quando ele chegava ao hospital suspeito, estava tudo em ordem. No início do ano os aparelhos de escuta foram encontrados. A partir daí, começamos a trabalhar e conversar em código e até passamos informações erradas pelo telefone. Com isto, conseguimos chegar até o hospital Matarazzo sem que ninguém percebesse nada", afirmou Frejat.

Para o secretário, isto não chega a ser surpreendente. "São bilhões de cruzeiros que estão envolvidos mensalmente. Quem está por trás disto é uma máfia muito poderosa.

Temos até medo que alguma coisa possa acontecer conosco, a exemplo do que já aconteceu no Rio nas investigações do INPS. O trabalho não é fácil, se fosse nós já teríamos maiores resultados. Mas não esmoreceremos em relação às fraudes. Tenho horror de ladrão", concluiu Frejat.

Tuma

Em Brasília, o ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, 57, recusou-se a comentar sobre o caso do superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Romeu Tuma, a quem prometeu demitir na semana passada sob a alegação de estar omitindo informações e conduzindo "estranhamente" as investigações sobre fraudes contra a Previdência no Estado. Em entrevista concedida à imprensa, ouviu-se o diálogo:

—E o Tuma, ministro?

—Não sei. Acho que vai bem de saúde.

—E de emprego? Sem resposta.

Matarazzo

O médico Dorival José Decoussau 37, superintendente do Hospital Matarazzo, vai continuar detido na Polícia Federal em São Paulo. Ontem à tarde, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, 36, indeferiu o pedido de liberdade provisória ou fiança do advogado — ele é acusado de fraudar fichas de internação do INAMPS, garantindo um faturamento mensal de mais de Cr$ 100 milhões ao hospital.