domingo, 30 de outubro de 2011
ATO EM FRENTE À REITORIA - 31/10 - 18H
Na última quinta-feira, 27 de outubro, a PM agrediu, jogou bombas e disparou balas de borracha contra centenas de estudantes que se colocaram contra a prisão de 3 estudantes no estacionamento da História. As abordagens e detenções pela polícia que vem ocorrendo no Campus são parte do avanço da repressão na universidade e devem, como foram, ser repudiadas. Não podemos aceitar que ninguém seja abordado, revistado ou preso dentro do campus.
A PM não soluciona o problema de segurança na USP. Pessoas continuam sendo assaltadas e assediadas pelo campus mesmo com a presença da polícia. Isso demonstra que sua função na universidade é outra. Não é a toa que só o que aumentou foram as Blitzes e os enquadros a estudantes, funcionários e moradores dos arredores da USP. Além disso, CAs foram invadidos pela PM e festas estudantis são vigiadas, o que culminou na repressão da última quinta-feira. Sua função é garantir o projeto de universidade da reitoria e não o dos estudantes e trabalhadores.
Não permitir a polícia militar no campus significa ir contra o projeto de universidade proposto por Rodas e legitimado pelo Conselho Universitário. Projeto esse que prevê o fim da luta política dentro da USP e que desmantela a universidade, restringindo a produção de conhecimento a fins mercadológicos. A prova disso é a verdadeira caça às bruxas travada por Rodas com processos administrativos e criminais contra estudantes e funcionários, que defendem um projeto distinto da reitoria. Devemos dizer não a esse projeto e reivindicar uma universidade com livre produção do conhecimento, necessário para a construção de uma nova sociedade.
A resistência dos estudantes da USP à repressão policial não é particular nem está desvinculada daquela levantada por jovens e trabalhadores, que vivem diariamente submetidos à opressão nos morros e periferias do Rio de Janeiro e de todo país, e a exemplo do recente confronto entre trabalhadores ambulantes e a polícia no centro de São Paulo.
Ocupamos o prédio da Administração da FFLCH para dizer não ao avanço da repressão na universidade! Para construir um outro projeto é preciso garantir a liberdade de nossa luta.
Fora PM! Pela retirada do convênio da reitoria com a PM!
Fim de todos os processos e perseguições contra estudantes e trabalhadores!
Abaixo o Regimento Disciplinar da USP, criado em 1972, durante a ditadura militar!
Pela autonomia dos espaços estudantis, como o espaço do Núcleo de Consciência Negra, do Canil, da Moradia Retomada, e sindicais, como o Sintusp!
TODOS AO ATO EM FRENTE À REITORIA – SEGUNDA-FEIRA, 31/10, ÀS 18H
ASSEMBLEIA GERAL – TERÇA-FEIRA 01/11 ÀS 18H – NO VÃO DO PRÉDIO DA HISTÓRIA/GEOGRAFIA
Ocupa USP contra a repressão
Por que ocupamos?
Carta enviada aos intelectuais
Em setembro último, a reitoria da USP, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar assinaram um convênio para intensificar a atuação policial na USP, sob a justificativa da necessidade de maior segurança no campus.
O verdadeiro objetivo da intensificação da presença policial no campus fica claro quando nos lembramos da crescente repressão, por parte da reitoria, à livre organização de estudantes, trabalhadores e professores e quando observamos os acontecimentos posteriores. Antes do convênio USP-PM, diversos processos criminais e administrativos foram abertos contra estudantes e trabalhadores. Depois da assinatura do convênio, a já presente polícia passou a vigiar e revistar estudantes, professores e trabalhadores com maior intensidade. Depois de levar estudantes da Poli para a delegacia há algumas semanas, a polícia, na última quinta-feira (27.11.2011), passou o dia na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) revistando estudantes, professores e trabalhadores, inclusive dentro da biblioteca. Depois de abordar três estudantes, a polícia decidiu levá-los à delegacia por porte de drogas. Os estudantes da FFLCH, espontaneamente, começaram a protestar contra a presença da polícia na Universidade e tentaram evitar que seus colegas fossem presos.
Rapidamente, mais de uma dezena de viaturas policiais, além de diversas motocicletas da ROCAM, chegaram para reprimir a manifestação estudantil e, por meio de bombas de gás lacrimogêneo – atiradas inclusive dentro do prédio da História e Geografia –, balas de borracha e spray de pimenta, atacaram os estudantes que bloqueavam os veículos policiais e levaram os três estudantes para a delegacia.
Em resposta, os estudantes realizaram uma assembléia e decidiram ocupar a Administração da FFLCH – devido à repressão policial e ao apoio da diretora da Faculdade, Sandra Nitrini, à ação policial.
Ocupamos, neste momento, este prédio e o ocuparemos até que nossas reivindicações sejam atendidas. Exigimos a revogação do convênio entre a USP e a PM, a retirada da PM do campus e o fim de todos os processos administrativos e criminais movidos pela reitoria contra estudantes e trabalhadores que lutaram nos últimos anos contra a destruição da Universidade e sua completa submissão aos interesses do mercado.
A Universidade não é compatível com nenhum tipo de restrição às liberdades de produção, de pensamento e de organização. Exige, para sua existência, a mais completa liberdade e autonomia. Diversos professores e intelectuais já manifestaram apoio à nossa ocupação e à nossa luta contra a repressão e em defesa das liberdades democráticas no campus. Como, por exemplo, o jurista Jorge Luiz Souto Maior, que veio à ocupação manifestar seu apoio, e como o Professor Lincoln Secco, que redigiu uma carta pública de repúdio à presença da polícia militar na Universidade.
Pedimos, nesse sentido, apoio para nossa ocupação e em nossa luta, manifestações públicas em repúdio à crescente repressão na Universidade, apoio ativo no ato que será realizado nesta segunda-feira, 31.10.2011, às 18h, no portão principal do campus do Butantã da USP. Enfim, contamos com qualquer manifestação de apoio que for possível para fortalecer a luta contra a repressão na Universidade.
Comissão de Comunicação da Ocupação da USP na Administração da FFLCH
O verdadeiro objetivo da intensificação da presença policial no campus fica claro quando nos lembramos da crescente repressão, por parte da reitoria, à livre organização de estudantes, trabalhadores e professores e quando observamos os acontecimentos posteriores. Antes do convênio USP-PM, diversos processos criminais e administrativos foram abertos contra estudantes e trabalhadores. Depois da assinatura do convênio, a já presente polícia passou a vigiar e revistar estudantes, professores e trabalhadores com maior intensidade. Depois de levar estudantes da Poli para a delegacia há algumas semanas, a polícia, na última quinta-feira (27.11.2011), passou o dia na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) revistando estudantes, professores e trabalhadores, inclusive dentro da biblioteca. Depois de abordar três estudantes, a polícia decidiu levá-los à delegacia por porte de drogas. Os estudantes da FFLCH, espontaneamente, começaram a protestar contra a presença da polícia na Universidade e tentaram evitar que seus colegas fossem presos.
Rapidamente, mais de uma dezena de viaturas policiais, além de diversas motocicletas da ROCAM, chegaram para reprimir a manifestação estudantil e, por meio de bombas de gás lacrimogêneo – atiradas inclusive dentro do prédio da História e Geografia –, balas de borracha e spray de pimenta, atacaram os estudantes que bloqueavam os veículos policiais e levaram os três estudantes para a delegacia.
Em resposta, os estudantes realizaram uma assembléia e decidiram ocupar a Administração da FFLCH – devido à repressão policial e ao apoio da diretora da Faculdade, Sandra Nitrini, à ação policial.
Ocupamos, neste momento, este prédio e o ocuparemos até que nossas reivindicações sejam atendidas. Exigimos a revogação do convênio entre a USP e a PM, a retirada da PM do campus e o fim de todos os processos administrativos e criminais movidos pela reitoria contra estudantes e trabalhadores que lutaram nos últimos anos contra a destruição da Universidade e sua completa submissão aos interesses do mercado.
A Universidade não é compatível com nenhum tipo de restrição às liberdades de produção, de pensamento e de organização. Exige, para sua existência, a mais completa liberdade e autonomia. Diversos professores e intelectuais já manifestaram apoio à nossa ocupação e à nossa luta contra a repressão e em defesa das liberdades democráticas no campus. Como, por exemplo, o jurista Jorge Luiz Souto Maior, que veio à ocupação manifestar seu apoio, e como o Professor Lincoln Secco, que redigiu uma carta pública de repúdio à presença da polícia militar na Universidade.
Pedimos, nesse sentido, apoio para nossa ocupação e em nossa luta, manifestações públicas em repúdio à crescente repressão na Universidade, apoio ativo no ato que será realizado nesta segunda-feira, 31.10.2011, às 18h, no portão principal do campus do Butantã da USP. Enfim, contamos com qualquer manifestação de apoio que for possível para fortalecer a luta contra a repressão na Universidade.
Comissão de Comunicação da Ocupação da USP na Administração da FFLCH
Moradia Retomada USP, 1 ano de resistencia!
POR FAVOR DIVULGUEM REENVIEM E PARTICIPEM, VAMOS FORTALECER O MOVIMENTO!
Passou no vestibular, e agora? Como permanecer na universidade? Moradia e bolsas.
Fonte: Coseas-Ocupada / Moradia Retomada
Data: 05/02/2011
Após passar pelo filtro excludente do vestibular, o estudante se depara com outra grande barreira: como ter condições para comer, morar, tirar xerox, enfim, como ter condições para poder estudar? Muitos acabam desistindo do curso por conta destas dificuldades. Foi o caso do calouro de medicina oriundo de Goias que, após ter sua solicitação de vaga no alojamento emergencial negada teve de cancelar sua matricula e abandonar a universidade.
Permanência estudantil é um direito de todo estudante garantido pela Constituição, art. 206: "O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade de condições para acesso e permanência (?)?. Mas a reitoria da USP, por meio da COSEAS (Coordenadoria de Assistência Social), tenta imprimir aos programas de permanência um caráter de favor, de premio por mérito, de recompensa por boa conduta, e não um direito. A crueldade desta versão fica explícita quando a COSEAS enxota mais de 800 estudantes que precisam de moradia todo ano envolvida numa aparência de legitimidade e justeza. Como se trata de um favor, qualquer justificativa serve para a não concessão: o estudante do matutino e excluído porque ?o do noturno precisa mais?, o morador de Guarulhos e excluído porque ?mora perto?, aquele que não tem renda é enxotado porque ?não se enquadra no perfil do processo seletivo?. Assim, após a longa batalha em papelópolis para conseguir provar que não tem condições financeiras, após meses de espera, a maioria dos estudantes obtém como resposta um categórico e duro: não! Pautado em critérios escusos. O processo seletivo hoje realizado pela COSEAS, desde 2007 sequer divulga a lista dos aprovados; o item que avalia renda, por exemplo, subtrai pontos, ao invés de somar, quando o inscrito tem muitas pessoas desempregadas na família. Quando o estudante consegue ingressar, no entanto, a partir da premissa básica do favor, passa a sofrer forte pressão por uma produtividade extrema, incompatível com a qualidade da formação e com as condições humanas de seres que são obrigados a uma dupla jornada ? estudos/trabalho, para poder sobreviver. Alguns chegam a ter sua permanência na vaga da moradia condicionada a tratamentos psiquiátricos específicos, encaminhados pela COSEAS.1
O histórico de violentas desocupações do CRUSP, e o termo de fundação2 da USP, demonstram o interesse da minoria de usurpadores que administram esta universidade, que os filhos da classe trabalhadora não passem pelo filtro social do vestibular ou concluam seus estudos. Uma universidade pública, mantida com dinheiro público, que exclui de dentro de si a maioria da população; a marca da USP: anti-preto, anti-pobre e antipática!
Os escassos recursos destinados para a permanência estudantil são desviados para a manutenção e o aperfeiçoamento de programas de vigilância da vida pessoal e política dos estudantes que necessitam de moradia (vide denuncia na edição de fevereiro da Revista Caros Amigos). Segundo o Programa de Ação Comunitária e Segurança do CRUSP, os moradores do conjunto se resumem em ?lideranças politicas radicais de extrema esquerda que protestam o tempo todo, traficantes, menores infratores? que devem ser vigiados. Somos criminosos! Maços de relatórios são produzidos descrevendo detalhadamente as assembleias de moradores, os assuntos discutidos, as pessoas presentes, descrevendo namoros e festas. Se assembleia é assunto de segurança então política deve ser crime no entendimento desta coordenadoria. Política só é crime em regimes de exceção!
O CRUSP nasceu a fórceps. A luta pela construção de uma moradia estudantil é antiga. Remonta à década de 40. Mas, somente na década de 60, quando o governador pretendia abrigar ali os atletas dos Jogos Pan-americanos, é que se realizou a construção dos 12 blocos do CRUSP. Mas mesmo assim, ao fim dos jogos, a reitoria negava-se a liberar o espaço para moradia. Então os estudantes ocuparam, andar por andar, bloco por bloco e, de 64 a 68, o CRUSP, gerido pelos próprios estudantes, foi uma das experiencias mais ricas da cidade universitária. O CRUSP 68 foi uma Universidade Livre na USP aprisionada. A recepção dos calouros era realizada pelos Centros Acadêmicos, que repassavam a demanda ao DCE, e isso constava inclusive no Estatuto da USP da época. Assim, os critérios eram discutidos coletivamente e, caso não tivesse vagas disponíveis para todos, ao invés de enxotar estudantes, buscava-se criar condições para que todos pudessem morar, muitas vezes por meio de ocupações dos espaços.
Mas na madrugada de 17/12/1968, quatro dias após o AI-5, decreto da Ditadura, redigido por Gama e Silva, reitor da USP entre 1964 e 67, tanques do Exército cruzaram a ponte do Rio Pinheiros, acordando e prendendo os quase mil moradores do CRUSP. Estava castrada uma das experiências mais democráticas da vida universitária brasileira. O Exército instaurou um IPM ? Inquérito Policial Militar, que resultou em processo e ordem de prisão para 32 residentes. Nos anos seguintes dezessete de seus melhores filhos (Aurora Maria Nascimento Furtado, a Lola, estudante da psicologia e militante da ALN, Lauriberto Reyes, estudante da Poli, integrante da UNE em 1968 e militante da MOLIPO, Jeová Assis Gomes, estudante da Física, Chico Dialético, estudante de Ciências Sociais, Rui Carlos Vieira Berbert, estudante de letras; militantes do MOLIPO , entre outros) foram mortos pela besta que se abateu sobre o nosso país em 64 e continua a determinar a nossa existência até hoje. Manto de sangue, roupagem própria da nossa ?democracia? coroada a torniquete.3 A Reitoria da USP, que mantinha uma agência de informações ? AESI4 ? ligada ao Exercito, funcionando dentro da Cidade Universitária para mapear estudantes, trabalhadores e docentes ?comunistas?, foi corresponsável pela prisão, tortura e morte destes e de outros estudantes, professores e trabalhadores: Alexandre Vannucchi Leme, estudante da geologia e militante da ALN, Iara Iavelberg, professora da psicologia e militante do MR-8, Issaami Nakamura, assistente de laboratório do Departamento de Engenharia Química e militante da ALN, Ana Rosa Kucinski, professora do departamento de Química, Ísis Dias de Oliveira, estudante de Ciências Sociais e militante da ALN . As listas de mortos são enormes, assim como são enormes as consequências politicas e humanas desta imposição estatal da força. Dos que ficaram vivos, muitos sucumbiram ao corte brusco que o fechamento do CRUSP representou em suas vidas. ?O CRUSP foi reaberto, mas nunca mais nos mesmos moldes, apesar de vivermos 23 anos de Regime democrático? (Associação CRUSP-68 em 2007).
Fez-se necessário retomar o fio rompido. Retomar o CRUSP como um dos espaços de formação mais ricos que esta universidade já teve, e sua memória de resistência. Os prédios do conjunto ficaram fechados longos períodos e, a partir de 1979, os estudantes reiniciaram a retomada dos blocos com ocupações e, desde então, os estudantes lutam pela retomada dos espaços. Mais recentemente, em 1996, ocupou-se a sede da COSEAS (em frente ao bloco G) contra a imposição de um Regimento que condicionava a permanência dos moradores nas vagas à obtenção de um mérito acima da média; em 1997 moradores ocuparam o térreo do bloco C, transformando-o em alojamento; em 2010 estudantes ocuparam o espaço do bloco G utilizado pela COSEAS, retomando desde então sua função original de moradia (atual Moradia Retomada).
Se o surgimento do CRUSP remonta a história de resistência estudantil, a origem da COSEAS, por outro lado, foi pautada na pretensão de controle e repressão da reitoria ligada à Ditadura Militar: primeiro surgiu como ISSU (Instituto do Serviço Social da USP), órgão de atuação coercitiva na moradia. Seus representantes intervinham nas reuniões de moradores com a função de mapear o posicionamento político dos mesmos. Sua direção impôs a proibição de beijos públicos e a separação por sexo nos blocos. Sua presença era tão ?benéfica? aos moradores, que em 67 sua sede foi invadida e todos os documentos que haviam lá, queimados. Em 72, o ISSU passou a se chamar COSEAS. O órgão funcionava dentro da reitoria e nem sequer reconhecia o CRUSP como moradia estudantil legítima. Em 84, sua primeira ação foi um ?expurgo?, onde foram expulsos vários moradores considerados ?punks? e ?irregulares?. Se durante a vigência da ditadura explícita, o adjetivo ?comunista? fora carregado de sentido deturpado para justificar a violência institucional, em 84 a COSEAS repetiu o feito, mas mudando o nome. O problema agora eram os ?punks? e os ?irregulares?. Seres humanos.
Hoje, para administrar a miséria sem gerar revolta, a COSEAS cria programas como o bolsa-auxílio moradia para eliminar a demanda daqueles estudantes que não conseguem vaga no CRUSP, e são obrigados a aceitar a bolsa, devido suas necessidades. Mas o programa não resolve o problema da falta de moradia. No máximo, basta para suprir necessidades básicas do estudante, como tirar xerox, comer. Isso acontece porque não existe uma bolsa de estudos pautada em critérios socioeconômicos, o que é reivindicação dos estudantes há tempos. Aqueles que precisam alugar uma residência, enfrentam as dificuldades de não ter fiador e de ter que se virar com apenas R$300,00 mensais da bolsa auxílio-moradia, que podem ser cortados a qualquer momento sem aviso prévio. O bolsa-auxílio é política de panis et circenses,5 onde o circo é ver estudante apanhar, como ocorrido em 2009, com a invasão da polícia militar (exército particular do governador) à USP.
Para os que chegam, inicia a maratona de tentar inscrever-se na sede da COSEAS (térreo do bloco E) para o alojamento emergencial e bolsa alimentação; inscrever-se no site www.usp.br/coseas para a vaga permanente da moradia e esperar meses, esbarrando na confusão de informações e em exigências descabidas. Mas não basta aguardar sentados pela inclusão na moradia e nas demais bolsas através processo seletivo da COSEAS. Seus critérios obscuros visam apenas eliminar números e legitimar o NÃO! Por isso nós, estudantes moradores da Moradia Retomada do CRUSP, estamos organizando um processo de recepção aos que precisam de vaga. Inscreva-se na Moradia Retomada (térreo lateral do bloco G do CRUSP ? em frente ao guichê de tíquetes do bandejão) ou pelo sítio:
http://pt-br.facebook.com/people/Moradia-Retomada-Usp/100002661456138. Ao contrário da política da COSEAS, nós pretendemos lutar juntos para que todos que precisem possam morar. Nenhum estudante sem vaga!
Fonte: Coseas-Ocupada / Moradia Retomada
Data: 05/02/2011
Após passar pelo filtro excludente do vestibular, o estudante se depara com outra grande barreira: como ter condições para comer, morar, tirar xerox, enfim, como ter condições para poder estudar? Muitos acabam desistindo do curso por conta destas dificuldades. Foi o caso do calouro de medicina oriundo de Goias que, após ter sua solicitação de vaga no alojamento emergencial negada teve de cancelar sua matricula e abandonar a universidade.
Permanência estudantil é um direito de todo estudante garantido pela Constituição, art. 206: "O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: igualdade de condições para acesso e permanência (?)?. Mas a reitoria da USP, por meio da COSEAS (Coordenadoria de Assistência Social), tenta imprimir aos programas de permanência um caráter de favor, de premio por mérito, de recompensa por boa conduta, e não um direito. A crueldade desta versão fica explícita quando a COSEAS enxota mais de 800 estudantes que precisam de moradia todo ano envolvida numa aparência de legitimidade e justeza. Como se trata de um favor, qualquer justificativa serve para a não concessão: o estudante do matutino e excluído porque ?o do noturno precisa mais?, o morador de Guarulhos e excluído porque ?mora perto?, aquele que não tem renda é enxotado porque ?não se enquadra no perfil do processo seletivo?. Assim, após a longa batalha em papelópolis para conseguir provar que não tem condições financeiras, após meses de espera, a maioria dos estudantes obtém como resposta um categórico e duro: não! Pautado em critérios escusos. O processo seletivo hoje realizado pela COSEAS, desde 2007 sequer divulga a lista dos aprovados; o item que avalia renda, por exemplo, subtrai pontos, ao invés de somar, quando o inscrito tem muitas pessoas desempregadas na família. Quando o estudante consegue ingressar, no entanto, a partir da premissa básica do favor, passa a sofrer forte pressão por uma produtividade extrema, incompatível com a qualidade da formação e com as condições humanas de seres que são obrigados a uma dupla jornada ? estudos/trabalho, para poder sobreviver. Alguns chegam a ter sua permanência na vaga da moradia condicionada a tratamentos psiquiátricos específicos, encaminhados pela COSEAS.1
O histórico de violentas desocupações do CRUSP, e o termo de fundação2 da USP, demonstram o interesse da minoria de usurpadores que administram esta universidade, que os filhos da classe trabalhadora não passem pelo filtro social do vestibular ou concluam seus estudos. Uma universidade pública, mantida com dinheiro público, que exclui de dentro de si a maioria da população; a marca da USP: anti-preto, anti-pobre e antipática!
Os escassos recursos destinados para a permanência estudantil são desviados para a manutenção e o aperfeiçoamento de programas de vigilância da vida pessoal e política dos estudantes que necessitam de moradia (vide denuncia na edição de fevereiro da Revista Caros Amigos). Segundo o Programa de Ação Comunitária e Segurança do CRUSP, os moradores do conjunto se resumem em ?lideranças politicas radicais de extrema esquerda que protestam o tempo todo, traficantes, menores infratores? que devem ser vigiados. Somos criminosos! Maços de relatórios são produzidos descrevendo detalhadamente as assembleias de moradores, os assuntos discutidos, as pessoas presentes, descrevendo namoros e festas. Se assembleia é assunto de segurança então política deve ser crime no entendimento desta coordenadoria. Política só é crime em regimes de exceção!
O CRUSP nasceu a fórceps. A luta pela construção de uma moradia estudantil é antiga. Remonta à década de 40. Mas, somente na década de 60, quando o governador pretendia abrigar ali os atletas dos Jogos Pan-americanos, é que se realizou a construção dos 12 blocos do CRUSP. Mas mesmo assim, ao fim dos jogos, a reitoria negava-se a liberar o espaço para moradia. Então os estudantes ocuparam, andar por andar, bloco por bloco e, de 64 a 68, o CRUSP, gerido pelos próprios estudantes, foi uma das experiencias mais ricas da cidade universitária. O CRUSP 68 foi uma Universidade Livre na USP aprisionada. A recepção dos calouros era realizada pelos Centros Acadêmicos, que repassavam a demanda ao DCE, e isso constava inclusive no Estatuto da USP da época. Assim, os critérios eram discutidos coletivamente e, caso não tivesse vagas disponíveis para todos, ao invés de enxotar estudantes, buscava-se criar condições para que todos pudessem morar, muitas vezes por meio de ocupações dos espaços.
Mas na madrugada de 17/12/1968, quatro dias após o AI-5, decreto da Ditadura, redigido por Gama e Silva, reitor da USP entre 1964 e 67, tanques do Exército cruzaram a ponte do Rio Pinheiros, acordando e prendendo os quase mil moradores do CRUSP. Estava castrada uma das experiências mais democráticas da vida universitária brasileira. O Exército instaurou um IPM ? Inquérito Policial Militar, que resultou em processo e ordem de prisão para 32 residentes. Nos anos seguintes dezessete de seus melhores filhos (Aurora Maria Nascimento Furtado, a Lola, estudante da psicologia e militante da ALN, Lauriberto Reyes, estudante da Poli, integrante da UNE em 1968 e militante da MOLIPO, Jeová Assis Gomes, estudante da Física, Chico Dialético, estudante de Ciências Sociais, Rui Carlos Vieira Berbert, estudante de letras; militantes do MOLIPO , entre outros) foram mortos pela besta que se abateu sobre o nosso país em 64 e continua a determinar a nossa existência até hoje. Manto de sangue, roupagem própria da nossa ?democracia? coroada a torniquete.3 A Reitoria da USP, que mantinha uma agência de informações ? AESI4 ? ligada ao Exercito, funcionando dentro da Cidade Universitária para mapear estudantes, trabalhadores e docentes ?comunistas?, foi corresponsável pela prisão, tortura e morte destes e de outros estudantes, professores e trabalhadores: Alexandre Vannucchi Leme, estudante da geologia e militante da ALN, Iara Iavelberg, professora da psicologia e militante do MR-8, Issaami Nakamura, assistente de laboratório do Departamento de Engenharia Química e militante da ALN, Ana Rosa Kucinski, professora do departamento de Química, Ísis Dias de Oliveira, estudante de Ciências Sociais e militante da ALN . As listas de mortos são enormes, assim como são enormes as consequências politicas e humanas desta imposição estatal da força. Dos que ficaram vivos, muitos sucumbiram ao corte brusco que o fechamento do CRUSP representou em suas vidas. ?O CRUSP foi reaberto, mas nunca mais nos mesmos moldes, apesar de vivermos 23 anos de Regime democrático? (Associação CRUSP-68 em 2007).
Fez-se necessário retomar o fio rompido. Retomar o CRUSP como um dos espaços de formação mais ricos que esta universidade já teve, e sua memória de resistência. Os prédios do conjunto ficaram fechados longos períodos e, a partir de 1979, os estudantes reiniciaram a retomada dos blocos com ocupações e, desde então, os estudantes lutam pela retomada dos espaços. Mais recentemente, em 1996, ocupou-se a sede da COSEAS (em frente ao bloco G) contra a imposição de um Regimento que condicionava a permanência dos moradores nas vagas à obtenção de um mérito acima da média; em 1997 moradores ocuparam o térreo do bloco C, transformando-o em alojamento; em 2010 estudantes ocuparam o espaço do bloco G utilizado pela COSEAS, retomando desde então sua função original de moradia (atual Moradia Retomada).
Se o surgimento do CRUSP remonta a história de resistência estudantil, a origem da COSEAS, por outro lado, foi pautada na pretensão de controle e repressão da reitoria ligada à Ditadura Militar: primeiro surgiu como ISSU (Instituto do Serviço Social da USP), órgão de atuação coercitiva na moradia. Seus representantes intervinham nas reuniões de moradores com a função de mapear o posicionamento político dos mesmos. Sua direção impôs a proibição de beijos públicos e a separação por sexo nos blocos. Sua presença era tão ?benéfica? aos moradores, que em 67 sua sede foi invadida e todos os documentos que haviam lá, queimados. Em 72, o ISSU passou a se chamar COSEAS. O órgão funcionava dentro da reitoria e nem sequer reconhecia o CRUSP como moradia estudantil legítima. Em 84, sua primeira ação foi um ?expurgo?, onde foram expulsos vários moradores considerados ?punks? e ?irregulares?. Se durante a vigência da ditadura explícita, o adjetivo ?comunista? fora carregado de sentido deturpado para justificar a violência institucional, em 84 a COSEAS repetiu o feito, mas mudando o nome. O problema agora eram os ?punks? e os ?irregulares?. Seres humanos.
Hoje, para administrar a miséria sem gerar revolta, a COSEAS cria programas como o bolsa-auxílio moradia para eliminar a demanda daqueles estudantes que não conseguem vaga no CRUSP, e são obrigados a aceitar a bolsa, devido suas necessidades. Mas o programa não resolve o problema da falta de moradia. No máximo, basta para suprir necessidades básicas do estudante, como tirar xerox, comer. Isso acontece porque não existe uma bolsa de estudos pautada em critérios socioeconômicos, o que é reivindicação dos estudantes há tempos. Aqueles que precisam alugar uma residência, enfrentam as dificuldades de não ter fiador e de ter que se virar com apenas R$300,00 mensais da bolsa auxílio-moradia, que podem ser cortados a qualquer momento sem aviso prévio. O bolsa-auxílio é política de panis et circenses,5 onde o circo é ver estudante apanhar, como ocorrido em 2009, com a invasão da polícia militar (exército particular do governador) à USP.
Para os que chegam, inicia a maratona de tentar inscrever-se na sede da COSEAS (térreo do bloco E) para o alojamento emergencial e bolsa alimentação; inscrever-se no site www.usp.br/coseas para a vaga permanente da moradia e esperar meses, esbarrando na confusão de informações e em exigências descabidas. Mas não basta aguardar sentados pela inclusão na moradia e nas demais bolsas através processo seletivo da COSEAS. Seus critérios obscuros visam apenas eliminar números e legitimar o NÃO! Por isso nós, estudantes moradores da Moradia Retomada do CRUSP, estamos organizando um processo de recepção aos que precisam de vaga. Inscreva-se na Moradia Retomada (térreo lateral do bloco G do CRUSP ? em frente ao guichê de tíquetes do bandejão) ou pelo sítio:

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Demissão de diretor do Sintusp é inaceitável
No começo de novembro, a Reitoria da Universidade de São Paulo demitiu Claudionor Brandão por justa causa. Brandão é dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), e foi demitido no cumprimento de deliberações das assembléias de sua categoria. Tudo indica que seu afastamento tem caráter político, sendo um primeiro passo (quase que um ensaio para testar as entidas docentes, discentes e de trabalhadores) para desmontar os movimentos organizados da USP que lutam em defesa da universidade pública.
Não é de hoje que dirigentes universitários estão privatizando gradualmente as universidades públicas, só não foram mais longe na sanha privatista, tendo em vista a resistência de funcionários, estudantes e parcela dos professores. A USP, que é a mais autoritária e antidemocrática de todas as universidades públicas brasileiras, cujo Estatuto remonta em muito desde os tempos da Ditadura, vem dissolvendo o seu caráter público e social há anos. É nesse diapasão, que desde a Ocupação, em 2007, que a Reitoria, na figura da professora Suely Vilela – um dos piores reitores da história da USP, cuja mediocridade assusta quando pensamos tratar-se de dirigente máximo da principal universidade brasileira –, e apoiada na alta cúpula dirigente, vem agredindo sistematicamente o livre direito de organização e manifestação da comunidade universitária, com particular ênfase para os setores mais resistentes e combativos. Tal postura reflete o desejo, bastante coerente com a mentalidade dos gestores da Universidade de São Paulo, de eliminar qualquer oposição ao projeto de privatização da Universidade. Até porque esse projeto atende a interesses de boa parte de professores que integram o CO (Conselho Universitário – órgão máximo da Universidade), que na sua maioria tem ligações com fundações ou empresas do setor privado, isso sem falar nos famigerados grupos de pesquisa, encastelados na Universidade como verdadeiras microempresas atendendo a interesses particulares;
Foi no combate à destruição do caráter público da USP, que Claudinor Brandão foi demitido – não por acaso afastado no mês de dezembro, período em que a Universidade fica esvaziada por conta das férias escolares, sendo, portanto, tênue qualquer tentativa de resistência pela comunidade universitária. Mais uma vez, essa esperteza e falta de ética são coerentes com a mentalidade dos gestores da USP, que nem mais ficam rubros, uma vez que virou hábito. Nesse sentido, é inaceitável a demissão do diretor do Sintusp, Claudionor Brandão, seja porque ela se inscreve no marco da criminalização dos movimentos sociais que campeia por todo o Brasil, seja porque foi demitido no exercício de mandato sindical e no cumprimento de deliberações das assembléias da categoria. Pelo que vem acontecendo no Brasil, e pelo que a história nos diz, caso essa demissão torne-se efetiva, o que virá em seguida é o desmanche de todas as entidades representativas de funcionários, professores e estudantes que não sejam dóceis com pessoas como Suely Vilela, João Grandino Rodas, Silvio Savaya etc, ou que não sejam dóceis com o projeto que coloca a universidade contra a vida e a serviço do capital. Assim, este blog, que não tem ligações com o Sintusp ou Claudionor Brandão, reitera que é inaceitável a agressão levada a termo pela Reitoria da USP.
Abaixo segue o link para o blog que pede a readmissão de Brandão, bem como o abaixo-assinado criado por seus colegas reivindicando sua recondução ao cargo:
Abaixo-assinado contra a demissão de Claudionor Brandão
No dia 09/12/08, a reitoria da Universidade de São Paulo alegou demissão por justa causa a Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP e representante eleito dos funcionários no Conselho Universitário. Essa medida faz parte de um processo de perseguição e punição a setores do movimento operário, estudantil e de movimentos sociais. Brandão fez parte, em diversos momentos, das lutas em defesa da universidade pública e da educação de qualidade e é por esse motivo que agora a reitoria da USP tenta colocá-lo na cada vez mais longa lista de demitidos políticos pelo país a fora.
Como delegado sindical e diretor do SINTUSP eleito em fóruns da categoria, Brandão sempre esteve à frente da defesa dos interesses do conjunto dos trabalhadores da universidade, se pautando em deliberações legitimamente tomadas pelos trabalhadores em suas assembléias e instâncias de decisão. Por tudo isso, as entidades, associações e movimentos abaixo-assinados REPUDIAMOS A DEMISSÃO do diretor do SINTUSP Claudionor Brandão. Trata-se de um ataque duríssimo à liberdade de organização sindical e política dos trabalhadores, estudantes e ao próprio SINTUSP. Exigimos a REINCORPORAÇÃO IMEDIATA E INCONDICIONAL de Claudionor Brandão aos quadros da universidade e a retirada de todos os processos administrativos e sindicâncias aos estudantes, trabalhadores e professores que lutaram em defesa da universidade.
Favor enviar adesões para: sintusp1@terra.com.br
com cópia para
contraademissaodobrandao@yahoo.com.br
Como delegado sindical e diretor do SINTUSP eleito em fóruns da categoria, Brandão sempre esteve à frente da defesa dos interesses do conjunto dos trabalhadores da universidade, se pautando em deliberações legitimamente tomadas pelos trabalhadores em suas assembléias e instâncias de decisão. Por tudo isso, as entidades, associações e movimentos abaixo-assinados REPUDIAMOS A DEMISSÃO do diretor do SINTUSP Claudionor Brandão. Trata-se de um ataque duríssimo à liberdade de organização sindical e política dos trabalhadores, estudantes e ao próprio SINTUSP. Exigimos a REINCORPORAÇÃO IMEDIATA E INCONDICIONAL de Claudionor Brandão aos quadros da universidade e a retirada de todos os processos administrativos e sindicâncias aos estudantes, trabalhadores e professores que lutaram em defesa da universidade.
Favor enviar adesões para: sintusp1@terra.com.br
com cópia para
contraademissaodobrandao@yahoo.com.br
(texto extraído do endereço do fórum da ocupação de 2007 da reitoria da USP:http://forumdaocupacao.over-blog.com/)
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perseguidos e processados
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