Há dois meses a #OcupaBH teve um parto complicado. Nasceu prematura e em risco de vida: teve que permanecer por dias na incubadora. Eram poucas pessoas, algumas barracas debaixo do saguão da Assembleia Legislativa.
Logo o acampamento deixou a maternidade e foi para a praça, seu verdadeiro berço. Mudou várias vezes de lugar, forma e tamanho, cresceu em números e barracas. Machucou-se algumas vezes, como qualquer bebê que cai aprendendo a andar.
A Ocupa ainda é uma criança. E o que nós, acampados, descobrimos, é que não somos seus pais, apesar de todo nosso amor, cuidado e até apego. Ocupar é mais uma dessas ideias que são autônomas e maiores do que aqueles que as propagam: evoluem, se transformam, crescem sozinhas, muitas vezes de formas inesperadas pelos corações e mentes por onde essa ideia circula.
O acampamento tomou caminhos que nem sempre se adequavam às expectativas. Porque esses rumos não dependiam somente da medida dos esforços dos acampados, mas também da terra em que foi fundado, e do espírito do nosso tempo. Como todos os pais, tínhamos muitos planos, e nos decepcionamos. E agora que desapegamos do sentimento de paternidade, sabemos enxergar o valor e a potencialidade dessa ideia que fugiu da sua concepção inicial e, justamente por isso, abriu nossas mentes para possibilidades nunca antes imaginadas.
Da pressa e improviso com que tudo foi feito nos primeiros dias, pouco a pouco a Ocupa foi ganhando corpo: uma tenda que tem suportado chuvas ininterruptas, uma biblioteca, almoxarifado, fogão, internet 3G (obrigado a todxs pelas doações!). Ganhamos, sobretudo, a experiência de assembleias e organização horizontal que não são fáceis e nem sempre bonitas quanto pareciam nos vídeos dos espanhóis e americanos. Perdemos essa ingenuidade: os sonhos apenas podem ser plantados, nunca importados.
E, sem que se dê conta, a infância acaba. A #OcupaBH estará preparada no dia em que tiver de deixar o berço, e sair para o mundo.
Força, irmãos! Estamos juntos na determinação e no amor; na crença e na busca por um mundo melhor! Nosso #OcupaDF que agora engatinha também há de dar firmes passos! Um abração!
Obrigado, Luiza! Vamos continuar conversando, as ocupas precisam se unir
Uau !!!
=’)
Eu me orgulho de ter colocado meus pés neste local.