domingo, 30 de outubro de 2011
Apresentadora toma rápida aula sobre drogas
Gilberta Ascerald é pesquisadora e pedagoga vinculada ao Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Souto Maior na Ocupação
Hoje, às 12h, o jurista e professor livre docente da Facudade de Direito da USP, Jorge Luiz Souto Maior, estará na Ocupação da Administração da FFLCH, na USP, trazendo seu apoio aos estudantes e trabalhadores em luta.
A autonomia da USP
Não é comum ver livros como armas. Enquanto no dia 27 de outubro de 2011 a imprensa mostrou os alunos da FFLCH da USP como um bando de usuários de drogas em defesa de seus privilégios, nós outros assistimos jovens indignados, mochila nas costas e livros empunhados contra policiais atônitos, armados e sem identificação, num claro gesto de indisciplina perante a lei. Vários alunos gritavam: “Isto aqui é um livro!”.
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Curioso que a geração das redes sociais virtuais apresente esta capacidade radical de usar novos e velhos meios para recusar a violação de nossos direitos. No momento em que o conhecimento mais é ameaçado, os livros velhos de papel, encadernados, carimbados pela nossa biblioteca são erguidos contra o arbítrio.
Os policiais que passaram o dia todo da ultima quinta feira revistando alunos na biblioteca e nos pátios, poderiam ter observado no prédio de História e Geografia vários cartazes gigantes dependurados. Eram palavras de ordem. Algumas vetustas. Outras “impossíveis”. Muitas indignadas. E várias poéticas… É assim uma universidade.
A violação da nossa autonomia tem sido justificada pela necessidade de segurança e a imagem da FFLCH manchada pela ação deliberada dos seus inimigos. A Unidade que mais atende os alunos da USP, dotada de cursos bem avaliados até pelos duvidosos critérios de produtividade atuais, é uma massa desordenada de concreto com salas superlotadas e realmente inseguras. Mas ainda assim é a nossa Faculdade!
É inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial. Uma Universidade tem o dever de levar sua análise crítica ao limite porque é a única que pode fazê-lo. Seus equívocos devem ser corrigidos por ela mesma. Se ela é incapaz disso, não é mais uma universidade.
A USP não está fora da cidade e do país que a sustenta. Precisa sim de um plano de segurança próprio como outras instituições têm. Afinal, ninguém ousaria dizer que os congressistas de Brasília têm privilégios por não serem abordados e revistados por Policiais. A USP conta com entidades estudantis, sindicatos e núcleos que estudam a intolerância, a violência e a própria polícia.
Ela deve ter autonomia sim. Quando Florestan Fernandes foi preso em 1964, ele escreveu uma carta ao Coronel que presidia seu inquérito policial militar explicando-lhe que a maior virtude do militar é a disciplina e a do intelectual é o espírito crítico… Que alguns militares ainda não o saibam, é compreensível. Que dirigentes universitários o ignorem, é desesperador.
Lincoln Secco – Bacharel, licenciado, mestre, doutor e livre docente pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2003 é professor de História Contemporânea na mesma instituição.
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Curioso que a geração das redes sociais virtuais apresente esta capacidade radical de usar novos e velhos meios para recusar a violação de nossos direitos. No momento em que o conhecimento mais é ameaçado, os livros velhos de papel, encadernados, carimbados pela nossa biblioteca são erguidos contra o arbítrio.
Os policiais que passaram o dia todo da ultima quinta feira revistando alunos na biblioteca e nos pátios, poderiam ter observado no prédio de História e Geografia vários cartazes gigantes dependurados. Eram palavras de ordem. Algumas vetustas. Outras “impossíveis”. Muitas indignadas. E várias poéticas… É assim uma universidade.
A violação da nossa autonomia tem sido justificada pela necessidade de segurança e a imagem da FFLCH manchada pela ação deliberada dos seus inimigos. A Unidade que mais atende os alunos da USP, dotada de cursos bem avaliados até pelos duvidosos critérios de produtividade atuais, é uma massa desordenada de concreto com salas superlotadas e realmente inseguras. Mas ainda assim é a nossa Faculdade!
É inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial. Uma Universidade tem o dever de levar sua análise crítica ao limite porque é a única que pode fazê-lo. Seus equívocos devem ser corrigidos por ela mesma. Se ela é incapaz disso, não é mais uma universidade.
A USP não está fora da cidade e do país que a sustenta. Precisa sim de um plano de segurança próprio como outras instituições têm. Afinal, ninguém ousaria dizer que os congressistas de Brasília têm privilégios por não serem abordados e revistados por Policiais. A USP conta com entidades estudantis, sindicatos e núcleos que estudam a intolerância, a violência e a própria polícia.
Ela deve ter autonomia sim. Quando Florestan Fernandes foi preso em 1964, ele escreveu uma carta ao Coronel que presidia seu inquérito policial militar explicando-lhe que a maior virtude do militar é a disciplina e a do intelectual é o espírito crítico… Que alguns militares ainda não o saibam, é compreensível. Que dirigentes universitários o ignorem, é desesperador.
Lincoln Secco – Bacharel, licenciado, mestre, doutor e livre docente pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2003 é professor de História Contemporânea na mesma instituição.
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sábado, 29 de outubro de 2011
Nota oficial sobre a ocupação da administração da FFLCH
Na última quinta-feira, dia 27 de outubro, por volta das 18h, três estudantes foram abordados dentro de seu carro, pela polícia militar, no estacionamento da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Estes estudantes tiveram seus documentos confiscados e seu carro revistado por estarem, segundo a polícia, consumindo maconha.
Esta não foi a primeira vez que a PM entrou no campus para reprimir estudantes. Trata-se de mais uma demonstração da política de repressão que vem sendo imposta na Universidade pelo reitor João Grandino Rodas, investigado por corrupção pelo Ministério Público. Este reitor, que não foi eleito pela comunidade universitária, tem uma ampla ficha de repressão aos estudantes e movimentos sociais.
A repressão foi acentuada com a assinatura de um convênio (entre a reitoria da USP e a PM) que foi firmado em setembro deste ano, sem a mínima consulta à comunidade universitária. Este convênio permite a entrada ostensiva da polícia no campus e prevê a instalação de quatro bases militares no campus Butantã. Os policiais têm abordado indiscriminadamente estudantes e trabalhadores. Com isso, o Reitor tenta impor seu projeto de privatização da Universidade, que já vem se concretizando através da terceirização e a precarização do trabalho e ensino.
A abordagem da PM indignou @s estudantes, que começaram a se reunir em volta d@s policiais buscando impedir uma ação mais violenta contra @s alun@s. Mais de quinhentos estudantes se uniram para impedir a prisão dos três universitários que haviam sido abordados. A polícia continuou irredutível e chamou reforços, totalizando 15 viaturas, só no estacionamento da FFLCH. Com o aumento da força policial mais estudantes se juntaram para defender a autonomia da universidade, se posicionando contra a repressão policial.
Em um ato de protesto contra a repressão, centenas de estudantes se colocaram em frente as viaturas para evitar a detenção dos estudantes. A partir deste momento, @s políciais, que estavam, em sua maioria, sem idenificação pessoal, partiram para um violento confronto físico, saindo do campo das ameaças e ofensas verbais para agressões com gás lacrimogênio, spray de pimenta, bala de borracha e cassetete.
Diante da truculência da polícia, @s estudantes, que se mobilizaram contra a repressão e a violência, se defenderam conforme podiam. Após três horas de tencionamento e meia hora de confronto físico, os polícias deixaram a universidade. @s estudantes não se deixaram intimidar pela violência da polícia. Após a assembleia realizada pel@s mais de quinhentos presentes foi decido pela ocupação da Administração da FFLCH como forma de lutar contra a repressão na USP.
Seguiremos ocupad@s até que o convênio (USP- PM) seja revogado pela reitoria, proibindo a entrada da polícia militar no campus em qualquer circunstancia, bem como a garantia de autonômia nos espaços estudantis, como o Núcleo de Conciência Negra, a Moradia Retomada, o CANiL_Espaço Fluxus de Cultura da USP, entre outros. Continuaremos aqui até que se retirem todos os processos criminais e administrativos contra @s estudantes, professores e funcionári@s da USP.
São Paulo, 28 de outubro de 2011.
Movimento de Ocupação.
Esta não foi a primeira vez que a PM entrou no campus para reprimir estudantes. Trata-se de mais uma demonstração da política de repressão que vem sendo imposta na Universidade pelo reitor João Grandino Rodas, investigado por corrupção pelo Ministério Público. Este reitor, que não foi eleito pela comunidade universitária, tem uma ampla ficha de repressão aos estudantes e movimentos sociais.
A repressão foi acentuada com a assinatura de um convênio (entre a reitoria da USP e a PM) que foi firmado em setembro deste ano, sem a mínima consulta à comunidade universitária. Este convênio permite a entrada ostensiva da polícia no campus e prevê a instalação de quatro bases militares no campus Butantã. Os policiais têm abordado indiscriminadamente estudantes e trabalhadores. Com isso, o Reitor tenta impor seu projeto de privatização da Universidade, que já vem se concretizando através da terceirização e a precarização do trabalho e ensino.
A abordagem da PM indignou @s estudantes, que começaram a se reunir em volta d@s policiais buscando impedir uma ação mais violenta contra @s alun@s. Mais de quinhentos estudantes se uniram para impedir a prisão dos três universitários que haviam sido abordados. A polícia continuou irredutível e chamou reforços, totalizando 15 viaturas, só no estacionamento da FFLCH. Com o aumento da força policial mais estudantes se juntaram para defender a autonomia da universidade, se posicionando contra a repressão policial.
Em um ato de protesto contra a repressão, centenas de estudantes se colocaram em frente as viaturas para evitar a detenção dos estudantes. A partir deste momento, @s políciais, que estavam, em sua maioria, sem idenificação pessoal, partiram para um violento confronto físico, saindo do campo das ameaças e ofensas verbais para agressões com gás lacrimogênio, spray de pimenta, bala de borracha e cassetete.
Diante da truculência da polícia, @s estudantes, que se mobilizaram contra a repressão e a violência, se defenderam conforme podiam. Após três horas de tencionamento e meia hora de confronto físico, os polícias deixaram a universidade. @s estudantes não se deixaram intimidar pela violência da polícia. Após a assembleia realizada pel@s mais de quinhentos presentes foi decido pela ocupação da Administração da FFLCH como forma de lutar contra a repressão na USP.
Seguiremos ocupad@s até que o convênio (USP- PM) seja revogado pela reitoria, proibindo a entrada da polícia militar no campus em qualquer circunstancia, bem como a garantia de autonômia nos espaços estudantis, como o Núcleo de Conciência Negra, a Moradia Retomada, o CANiL_Espaço Fluxus de Cultura da USP, entre outros. Continuaremos aqui até que se retirem todos os processos criminais e administrativos contra @s estudantes, professores e funcionári@s da USP.
São Paulo, 28 de outubro de 2011.
Movimento de Ocupação.
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