Jornal da Tarde, 24 de Agosto de 1988
Fiel Transcrição:
Veronezzi deve ser
o próximo
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O ex-ministro Paulo Brossard
Alertou: Veronezzi não pode
continuar no cargo porque também foi acusado de estar envolvido com o suborno, que teria
sido pago aos delegados Francisco Munhoz, Jair Barbosa, Joaquim Trolezzi Veiga e José
Benedito de Oliveira (os dois últimos também já foram afastados). |
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Preocupado com a reputação da Polícia
Federal em São Paulo abalada com denúncias de envolvimento de delegados, no caso
do suborno de um milhão de dólares ministro da Justiça Paulo Brossard deu um verdadeiro "puxão de orelhas" no
diretor-geral da PF, delegado Romeu Tuma. Em aviso entregue ontem a Tuma, Brossard exige o "funcionamento
exemplar" da Polícia Federal na apuração do escândalo. Até hoje, a tempestade de escândalos que sacode a Polícia
Federal provocou o afastamento dos delegados Jair Barbosa Martins, Francisco Munhoz e
Luzenildo Félix, que investigavam as denúncias de suborno. No meio policial, muitos se
perguntam até quando o superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo,
delegado Marco Antônio Veronezzi, vai resistir? Assessores
do ministro Brossard interpretaram o aviso a Tuma como uma recomendação para que
Veronezzi seja também afastado do caso.
Esses assessores entendem que Veronezzi não pode continuar no cargo porque também foi acusado de
estar envolvido com o suborno, que teria sido pago aos delegados Francisco Munhoz, Jair
Barbosa, Joaquim Trolezi Veiga e José Benedito de Oliveira
(os dois últimos |
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também já foram afastados). Já os delegados mais próximos ao
superintendente não acreditam que ele cala. De sua parte, Veronezzi Já comentou com alguns de seus colegas que, "se sentir que o
ministro da Justiça está pressionando o doutor Tuma por minha causa, eu peço para sair,
até que as investigações cheguem ao seu final".
O aviso de Brossard a Tuma diz que "as
altas atribuições que competem à PF exigem que ela funcione de maneira exemplar" e
que "por isso mesmo não posso assistir, sem preocupação, o que vem acontecendo na
Superintendência de São Paulo, com levantamento de suspeitas e acusações. Urge que o
assunto seja esclarecido com a maior presteza, sem prejuízo da investigação" (...)
"portanto, recomendo sejam tomadas as medidas cabíveis, quaisquer que elas
sejam".
Ontem, Tuma levou a Brossard cópias de alguns documentos
reunidos no Inquérito do suborno, mas
o ministro exigiu que lhe sejam mostrados outros detalhes, o mais rápido possível. No
Ministério da Justiça, a permanência de Veronezzi na PF paulista era vista como algo
"meio estranho". |
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