Na nossa longa lista de dificuldades, a verticalidade desponta no topo.
Mas será que este é um problema que só vem de cima para baixo? Vivemos em uma cultura patriarcal, assistencialista, autoritária. Estamos acostumados a esperar sentados que o governo tome todas as decisões e resolva todas as pendências, votamos de dois em dois anos e lavamos as mãos.
O Brasil não tem nem nunca teve uma cultura política – no real sentido da expressão, que passa longe da representatividade. Não nos ensinaram a nos unir para ajustarmos as divergências e tomarmos um curso de ação.
E quando, enfim, agimos, juntos, e ocupamos a praça, a descrença de cada um no seu próprio poder, como indivíduo e cidadão, e a falta de instrução política que nos impede de atingir mecanismos democráticos funcionais, leva a um vácuo de poder e a uma busca por líderes.
Na Praça da Assembleia, já amadurecemos a ideia de consenso, mas ainda engatinhamos para a realidade de uma democracia.
O mundo está mudando muito rápido e paira sobre nós uma urgência de resultados. Mas como vamos agir, se está tão evidente que antes é preciso unir e educar?
Vou problematizar. Se o problema é a estrutura vertical da sociedade, como podemos chegar com um projeto-clone, coordenado nacionalmente por partido, com agendas e modelos de organização pré-editados, mas pretender que isso seja uma mudança pra sociedade? Acho a proposta equivocada desde o príncípio.
Mas é claro que não vamos chegar a uma coordenação por partido. Esse não é o objetivo. O máximo que podemos fazer enquanto contato partidarista é pedir o apoio para projetos pontuais e ainda assim não sei se os partidos apoiariam.
Ola novamente Alzira,
deixei-lhe um esclarescimento em outro post seu. As possibilidades que voce sugere aqui definitivamente nao fazem parte de nossa agenda de propostas. Talvez voce queira conhece-la melhor fazendo uma visita ao acampamento e participando dos debates.
http://ocupabh.org/2011/11/16/isso-e-o-que-acontece-quando-se-tenta-despejar-uma-ideia/#comment-57
Se antes é preciso unir e educar, que isso seja feito. Não seria essa uma forma de agir?
Realmente, a união e a educação estão na base de tudo, portanto, alcançar ambas é uma etapa crucial, que jamais deverá ser queimada. Se o mundo pede urgência, devemos ser cautelosos para que nossa pressa não estrague nosso resultado. Eduquemos, espalhemos as ideias, e que fique claro que não há nenhum superior mais habilitado do que nós para nos ensinar… Nós somos o povo, é de nossa política que queremos cuidar e, logo, somos soberanos para decidir o que precisamos. É claro, é necessário sabedoria sobre o mecanismo político e social de nosso meio, mas o conhecimento está aqui, há um pouco dele na cabeça de cada cidadão e, logo, é preciso que nos unamos para nos ensinar, trocar e criar ideias.
Fui ao acampamento no sábado e vi possibilidades que nunca imaginei. A proposta do movimento é plural, envolve arte, política e relacionamento pessoal, criando uma atmosfera tão envolvente, tão única, que acredito que seja capaz de agregar mais pessoas, mais corações cientes da necessidade de mudança, mais corações prontos para se tornarem cientes dessa necessidade.
Cada indivíduo envolvido no movimento deve se tornar um foco de divulgação do mesmo e, assim, cresceremos exponencialmente.
ps.: que avatar horrível esse meu!! =/
Esse é um tema extenso. Caso haja interesse eu me disponho a discutí-lo em assembléia.
O tema que temos que tratar é cultura e auto-gestão. Usar esses debates para desconstruir os dogmas e paradigmas. A unica forma de construir é tirar tudo que acreditamos e percebemos. Só quando percebemos que não sabemos absolutamente nada é que nos humilhamos a ponto de aprender e unir com o próximo.