Sérgio Ricardo
Verbete da Enciclopédia da Música Brasileira, ed.1979.
Coordenação da pesquisa: José Ramos Tinhorão e Zuza Homem de Mello

 RICARDO, Sérgio (João Mansur Lufti). Compositor, cantor, instrumentista, cineasta. Marília, SP, 18/6/1932 .
 

Filho de um libanês que tocava alaúde, aos nove anos começou a estudar piano num conservatório e, pouco depois, a tocar em festas de amigos. Aos 17 anos, mudou-se para São Vicente SP, onde trabalhou na Rádio Cultura como discotecário, técnico de som e locutor. Ainda no litoral paulista, por pouco tempo, tocou piano na boate Recreio Prainha, de São Vicente.

Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, cursando o científico no Colégio Lafayette. Na mesma época, arranjou emprego numa boate em Copacabana, substituindo Tom Jobim, que ia trabalhar como arranjador na gravadora Continental. No meio musical do Rio de Janeiro, ficou conhecendo, além de Tom Jobim, o cantor e compositor Johnny Alf e João Gilberto. Ainda nessa época, ingressou na E.N.M.U.B., onde estudou orquestração. Foi também nesse período que começou a compor e a cantar, continuando a tocar em boates. Ouvido pelo compositor Nazareno de Brito, foi convidado a gravar um 78 rpm e logo depois outro, com a toada de sua autoria Cafezinho. Mas seu primeiro sucesso foi gravado por Maísa em 1958, na RGE, o samba-canção Buquê de Isabel.

Mais tarde, numa viagem que fez a São Paulo SP, trabalhou como ator em televisão, obtendo relativa popularidade. Por essa época, integrou o grupo de músicos liderado por João Gilberto que se reunia para discutir a bossa nova, no início do movimento.
Em 1960 lançou o LP A Bossa romântica de Sérgio Ricardo, pela Odeon, participando também de vários shows de bossa nova, tournées e apresentando-se na televisão. Nessa época seu maior sucesso foi a composição Pernas.

Pouco depois, começou a se afastar dos caminhos da bossa nova e lançou o samba Zelão, um de seus maiores êxitos. Nessa época, iniciou seu primeiro filme, O Menino da calça branca, curta-metragem feito com Nelson Pereira dos Santos. Terminado em fins de 1961, o filme foi levado para representar o Brasil no festival de cinema de San Francisco, E.U.A., em 1962, obtendo o segundo lugar. De San Francisco, foi para New York, participando do Festival da Bossa Nova, no Carnegie Hall. Permaneceu nos E.U.A. ainda algum tempo, cantando em boates.

Retornou ao país em 1963, quando fez o longa-metragem Esse mundo é meu (montagem de Rui Guerra), com músicas de sua autoria, que teve grande repercussão. No mesmo ano, compôs e fez arranjos da trilha sonora do filme Deus e o diabo na terra do Sol (Gláuber Rocha), lançada depois em LP do mesmo nome, pela gravadora Forma. No mesmo ano gravou o LP Um Senhor talento, pela Elenco. Em 1964, produziu para o governo do Líbano o filme O Pássaro da aldeia, média-metragem rodado naquele país. De volta ao Brasil, no ano seguinte fez o show Esse mundo é meu, com roteiro e direção de Chico de Assis. Ainda em 1965, compôs a trilha sonora para o filme Terra em transe (Gláuber Rocha) e fez as músicas da peça O Coronel de Macambira (Joaquim Cardoso).

Dois anos depois gravou na Philips o LP A Grande música de Sérgio Ricardo e participou de vários festivais. Por ocasião do II FMPB, da TV Record, de São Paulo, em 1967, inscreveu sua música Beto bom de bola. Classificada para a final, debaixo de vaias, não conseguiu apresentá-la, acabando por quebrar seu violão e atirá-lo sobre o público, sendo desclassificado.

Participou ainda de outros festivais, como a Bienal do Samba e promoções da TV Excelsior, do Rio de Janeiro, e TV Record. Tomou parte também no Festival da Canção de Protesto, realizado na Bulgária, onde duas composições suas foram interpretadas por Geraldo Vandré. Em 1968 realizou, no Teatro de Arena, de São Paulo, o show Sérgio Ricardo e a praça do povo, feito com Chico de Assis e dirigido por Augusto Boal. No mesmo ano escreveu o roteiro musical para O Auto da compadecida, peça de Ariano Suassuna, dirigido por George Jonas. Em 1969 completou a filmagem de Juliana do amor perdido, com Roberto Santos, que estreou no ano seguinte.

Gravou um novo LP, Arrebentação, pela Equipe, em 1971, e, dois anos mais tarde, Sérgio Ricardo, pela Continental, lançado em 1974, também pela Continental, A Noite do espantalho, trilha sonora do seu filme do mesmo nome, rodado em Nova Jerusalém PE.


FreekXou agradece qualquer sugestão, comentário, ou informação adicional p/ esta página.
Não deixe de nos comunicar qualquer erro.
Entre em contato: mail p/ Freek Xou
© .Brasil, 3/1999 (ev).

 

 índice de entrevistas e artigos c/ Sérgio Ricardo
 página principal do Sérgio Ricardo no Freek Xou
 página principal Freek Xou
 

 
 
 

Hosted by GeoCities. 

1