Estado de São Paulo, 06 de Julho de 1998

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Ministério pode afastar 20 policiais federais

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O ministro Calheiros: Aqueles que se enquadrarem serão afastados

Dos 247 delegados e agentes da lista entregue ao ministro da Justiça, poucos poderiam ser atingidos por já estarem sendo processados na Justiça, o que ocasionaria possível reintegração

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EDSON LUIZ e NELSON BREVE

BRASÍLIA - O Ministério da Justiça poderá pedir o afastamento de 18 a 20 agentes e delegados da Polícia Federal de suas funções. Isso ocorrerá caso a comissão especial, que analisa a abrangência da Medida Provisória (MP) que permite a suspensão preventiva de policiais federais envolvidos em infrações administrativas ou criminais, entenda que essa punição só deva ser aplicada aos processos que ainda não chegaram à fase de contestação judicial.

Essa interpretação será defendida por um dos integrantes da comissão, o advogado Paulo Castelo Branco - representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) -, na reunião que deverá ser realizada hoje, às 15 horas, no Ministério da Justiça. "Eu entendo que a MP só poderá ser aplicada no caso dos policiais cujo processo administrativo ainda esteja em curso", sustenta Castelo Branco.

Para ele, a MP não deve alcançar a grande maioria dos 147 policiais federais citados no dossiê do Ministério Público Federal e entregue ao ministro Renan Calheiros por responder a processos criminais ou administrativos. Segundo o advogado, as ações contra a maioria já estão correndo na Justiça. "O afastamento poderia ser contestado na Justiça e os policiais seriam reintegrados." Neste caso, segundo fontes da Polícia Federal, apenas dez policiais do eixo Rio - São Paulo e mais oito a dez do resto do País poderiam  ser afastados. Eles respondem a processos internos mais recentes, que ainda não foram concluídos pela Corregedoria da Polícia Federal. "Não tendo sido concluído o processo administrativo, não haveria decisão a ser contestada", afirma Castelo Branco, admitindo que, mesmo nestes casos, caberia recurso judicial - os processos originaram-se antes da edição MP.

"A retroatividade da lei não pode prejudicar, só beneficiar", lembra o advogado, reconhecendo que a MP só será realmente eficaz 

para o afastamento de policiais federais que venham a responder processos administrativos ou criminais daqui para a frente. Esse não é o caso, aliás, dos dois primeiros afastados na chamada operação de "saneamento" da Polícia Federal.

Afastamento - Na semana passada, o diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, afastou dois delegados de São Paulo, Mário Kiyota Ikeda, da Delegacia Fazendária, e Wilson Alfredo Perpétuo, da delegacia de Ribeirão Preto. Ikeda foi acusado de não tomar providências contra dois agentes que teriam tentado extorquir chineses apontados como contrabandistas. Perpétuo foi condenado sob a acusação de corrupção e está recorrendo à Justiça.

Castelo Branco lembra que a decisão sobre o afastamento dos policiais caberá ao Ministério da Justiça e não à comissão. "A decisão é política; o ministério pode optar por uma solução imediata para atender aos reclamos da sociedade", observa o advogado, admitindo que mesmo os policiais com ações pendentes na Justiça podem ser afastados pelo ministério, mas a reintegração seria obtida, caso recorressem.

O ministro da Justiça, Renan Calheiros, disse ontem que espera a conclusão dos trabalhos da comissão para decidir sobre o afastamento dos policias federais envolvidos em processos criminais e administrativos. "Aqueles que se enquadrarem na MP serão afastados", reafirmou Calheiros, O ministro também terá de decidir o que fazer com os casos engavetados pela Assessoria Jurídica do Ministério, apesar de a Polícia Federal ter recomendado a demissão de policiais.

Esse é o caso dos delegados Eleutério Ferreira Parracho - ex-superintendente da PF no Rio - e Luiz Carlos Silva, e dos agentes Marcus Vinícius do Amaral, Eduardo de Freitas Dias, Roberto Vinícius Braga e Renato Pereira Gomes, acusados de envolvimento em extorsão. O ministro não sabe dizer porque eles ainda não foram afastados, embora a própria PF tenha recomendado a demissão dos seis.

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