Jornal da Tarde, 19 de Novembro de 1992

Fiel Transcrição:

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OS DÓLARES DE MORBACH

Uma reunião 'informal'

DELEGADO ENCONTRA ADVOGADO

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Luiz Maklouf Carvalho

O delegado federal Marco Antônio Veronezzi, recentemente afastado da superintendência da PF em São Paulo, reuniu-se informalmente com Valdir Sinigaglia, advogado do empresário Augusto Morbach Neto, durante inquérito sobre ligações dele com o tráfico internacional de cocaína. Veronezzi contou, no dia 16 de outubro, sobre a reunião ao delegado Messias Marques, que apura a acusação de Morbach — publicada na revista Exame e em O Globo, segundo a qual, Veronezzi, Romeu Tuma Jr. e o delegado Marcus Deneno se apropriaram de US$ 2 milhões do total de dólares apreendidos depois de sua prisão em 1991. A PF diz que foram só US$ 4 milhões. Morbach fala em US$ 6 milhões. Os acusados estão processando Morbach por calúnia. Tuma Jr. o investigou quando era chefe da Interpol em São Paulo. E Deneno gravou depoimento dele.

A reunião foi em julho. Veronezzi contou que o convite foi de Sinigaglia.

Ele, o advogado, o delegado Jair Barbosa Martins e "um outro indivíduo" foram ao Hotel São Paulo Center. Sinigaglia reclamou do inquérito, disse que Morbach provaria a existência dos US$ 6 milhões e mostrou preocupação com o possível envolvimento de Tuma Jr. Sinigaglia nega a reunião.

Veronezzi intrometeu-se no caso quando mandou dois delegados de sua confiança — Antônio Manoel Costa e Marcos Deneno gravarem declarações do empresário, um dia depois da prisão. Morbach diz que foi pressionado a falar. A fita tem acusações a Fábio Monteiro, ex-assessor de Cláudio Vieira, Paulo César Farias e Leopoldo Collor. Veronezzi entregou informalmente e fora dos autos, cópia ao juiz federal João Carlos da Rocha Mattos. Em seu relatório. Marques diz o seguinte sobre os US$ 2 milhões:

"Se houve desaparecimento ocorreu no trajeto até a Superintendência, onde se fez a apreensão e o auto de prisão."

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