Folha de São Paulo, 17 de Junho de 1998

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DENÚNCIA: Procurador-geral pede a ministro proteção para subordinada e defende 'limpeza' em setores da Polícia Federal

Procuradora investiga PF e sofre ameaça

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A procuradora Elizabeth Kablukow Bonora Peinado mostra carta ao lado de Geraldo Brindeiro.
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da Reportagem Local

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, requisitou ontem à PF (Polícia Federal) proteção para a procuradora Maria Cristiana Simões Amorim, que está sendo ameaçada de morte.

As ameaças contra Maria Cristina, que atua em São Paulo, estariam ligadas a investigações e processos envolvendo delegados corruptos da PF. Por causa disso, Brindeiro defendeu o que chamou de "limpeza" no órgão.

"Têm ocorrido fatos graves envolvendo a PF, que culminaram na morte do delegado-corregedor", disse Brindeiro, referindo-se ao assassinato do delegado da PF Alcioni Serafim de Santana.

Santana também apurava casos de corrupção envolvendo policiais federais paulistas. "Não podemos excluir a possibilidade de as ameaças estarem ligadas à morte do delegado", disse Brindeiro. Ontem, ele se reuniu com procuradores de São Paulo para tratar do caso.

Segundo o procurador-geral, as ameaças à Maria Cristiana começaram em outubro passado, quando ela recebeu em casa uma

carta escrita com letras recortadas de jornal. A ameaça, transcrita literalmente, dizia: "Doutora, cuidado. No fim-de-semana, vou matar você. 'Reze' muito".

Em seguida, vieram os telefonemas. As ligações, feitas para a casa de Maria Cristiana, diziam que era" perigoso continuar suas apurações.

Um dia, seu carro foi fechado no trânsito por desconhecidos.

De acordo com a procuradora-chefe da República em São Paulo, Elizabeth Kablukow Bonora Peinado, os casos investigados pela procuradora ameaçada envolvem contrabando, extorsão, tráfico de drogas e prevaricação.

Por causa disso, desde ontem, Maria Cristiana está sendo acompanhada por um motorista è por um agente federal, ambos armados. A procuradora não irá interromper o seu trabalho.

"É importante não generalizar", disse Brindeiro. "Mas que existem problemas na Polícia federal, existem. Esse é um momento critico e a morte do delegado é sintomática", afirmou.

Brindeiro disse ainda que já informou o ministro da Justiça, Renan Calheiros, sobre o caso. À tarde, ele se reuniu com o superintendente da PF em São Paulo, delegado Yokío Oshiro.

Além de pedir à PF providências para a apuração do caso, Brindeiro anunciou outra medida. Todos os telefones da Procuradoria da República e da residência de Maria Cristiana passarão por uma varredura em busca de grampos.

A suspeita de que alguém esteja escutando clandestinamente as conversas da procuradora por meio de um grampo existe porque, nos telefonemas, a pessoa que a ameaça parece saber o conteúdo de algumas conversas telefônicas de Maria Cristiana.

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