olha de São Paulo, 19 de Julho de
1988
Fiel Transcrição:
CORRUPÇÃO:
Engenheiro
levou as denúncias de suborno à polícia

|
|
Sellinas: na pista
de um boato, revelou o suborno.
O engenheiro Georges Sellinas,
especialista em gravações sigilosas, foi quem acendeu o estopim das denúncias de
tentativa de suborno para que o ex-presidente do Banespa, Otávio Ceccato, não fosse
indiciado no inquérito que apura a compra fraudulenta de Apólices do Tesouro Municipal
(ATMs). |
|
|
O engenheiro
Georges Sellinas, especialista em gravações sigilosas, foi quem acendeu o estopim das
denúncias de tentativa de suborno para que o ex-presidente do Banespa, Otávio Ceccato,
não fosse indiciado no inquérito que apura a compra fraudulenta de Apólices do Tesouro
Municipal (ATMs). Sellinas, que prestou depoimento ontem na
Polícia Federal, transmitiu ao superintendente da PF, Marco Antônio Veronezzi, a
informação de que teria sido oferecido US$ l milhão ao delegado Francisco Pereira
Munhoz, responsável pelo inquérito do Banespa, para inocentar Ceccato. Em seu depoimento, Sellinas afirmou que no dia 16 de junho
soube de "rumores de corrupção, relacionados à facilitação e ao não
indiciamento de Ceccato". Segundo o engenheiro, "tratava-se de uma quantia de
US$ l milhão, paga em duas parcelas, 700 mil antes do depoimento de Ceccato e mais 300
mil uma semana após".
Sellinas acrescentou detalhes ao depoimento,
dizendo-se "magoado" com a divulgação do nome da pessoa que lhe transmitiu à
informação, Francisco de Assis Sampaio de Freitas, conhecido por Chiquinho, funcionário
da Assembléia Legislativa, e que também prestou depoimento ontem. "Chiquinho é uma fonte confiável e ligado à comunidade de
informações", destacou Sellinas. |
|
A confirmação do próprio Munhoz, que fez
um relatório a Veronezzi Informando que recebera uma "proposta de
suborno", é outra razão, de acordo com o engenheiro, para ele não ter dúvida de
que houve suborno. Munhoz, em seu
relatório que ele não assinou, não confirma nem desmente, embora Veronezzi
garanta a autoria apontou outros dois delegados da Polícia
Federal, Joaquim Trolezi Veiga e José Benedito de Oliveira, como os autores da proposta.
Todos os três estão sendo Investigados.
Munhoz também citou Veronezzi e seu assessor direto, Jair Barbosa, como pessoas que
teriam se beneficiado com o caso, recebendo cada um deles US$ 500 mil.
Antes de começar a
investigação, Veronezzi conversou com Chiquinho, no escritório de Sellinas.
Segundo o engenheiro, o superintendente da PF Já sabia de "boatos" do suborno,
que estariam sendo espalhados pelo delegado Adilson Calamante. Preocupado em saber se
Calamante não seria a fonte de informação do funcionário da Assembléia, Veronezzi
insistiu com ele nesse ponto. Calamante não seria
confiável, argumentou Veronezzi, porque responde a inquérito de extorsão.
O governador Orestes Quêrcia, que nomeou
Ceccato secretário da Indústria e Comércio, disse ontem que o caso "é um problema
da Polícia Federal", frisando: "Eu não sou polícia". |
|
Escândalo
teve início com compra irregular

|
|
O deputado Lucas
Buzzato (PT-SP) afirmou que o ex-presidente do Banespa Otávio Ceccato, é "culpado
por crime de omissão" |
|
|
Da Reportagem Local Em maio de 1987, a corretora Banespa
-Banescor- autorizou
a compra de Apólices do Tesouro
Municipal (ATMs), com um valor acima do mercado financeiro. Isso
ocasionou um rombo de Cz$ l bilhão na corretora. Para que essas ações chegassem,
até o Banespa, elas foram adquiridas pelo Banco Mercantil de Comércio, que as repassou a
várias corretoras.
Entre elas, uma
"fantasma", a Plangíro, ligada aos diretores do banco, Fernando Pinheiro
Machado e Paulo Pfaender, amigos pessoais de Otávio Ceccato, então presidente do
Banespa.
Para apurar o rombo na corretora a Polícia
Federal abriu um inquérito, que foi presidido por Francisco Pereira Munhoz.
Foram indiciados sete pessoas e |
|
Ceccato foi inocentado. No dia 12 de junho deste ano, o superintendente da PF.
Marco Antônio Veronezzi, com base em uma
denúncia de suborno e corrupção, reabriu o inquérito, presidido pelo delegado
Luzenildo Ferreira Félix. Paralelamente a delegada Maria Ignês Bernardini, está
presidindo um outro inquérito para apurar o rombo da corretora Banespa. Segundo o
procurador Paulo Bueno, encarregado do caso, os próximos desdobramentos das
investigações deverão chegar à Prefeitura de São Paulo, de onde partiram as
ATMs:
NOTA:
O deputado Lucas Buzzato
(PT-SP) afirmou que o ex-presidente do Banespa é "culpado por crime de
omissão "porque" ele honrou a compra dessas apólices.
(DM) |
|
|