FERNANDO GRANATO
Os pedidos políticos são uma
rotina na atuação da Polícia Federal e têm até um apelido usado na gíria dos agentes
em todo o Brasil: são os "xavecos", ou seja, aquelas missões especiais que
não devem seguir os trâmites normais, como ocorreu no recente caso das escutas
telefônicas que derrubaram o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, ex-chefe do
cerimonial do Palácio do Planalto.
No episódio do grampo no
telefone do embaixador, o "xaveco" teria ficado por
conta do agente Paulo Chelotti, segundo a unanimidade dos federais que participaram
nessa semana do Congresso Nacional dos Policiais Federais, em Porto Alegre (RS). Paulo é
irmão do diretor-geral da PF; Vicente Chelotti, e foi um dos seguranças da campanha
eleitoral do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na campanha, conheceu Francisco
Graziano e foi recentemente convidado para assessorá-lo no Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária).
"Essa operação tinha de ser
feita pelos canais competentes, mas todo mundo deixou isso de lado porque se tratava de um
pedido vindo diretamente de alguém muito próximo ao Palácio do Planalto", afirmou
Francisco Carlos Garisto, da Federação Nacional de Policiais Federais.
Segundo Garisto e outros líderes sindicais presentes
ao congresso, esses pedidos eram mais freqüentes em governos passados, mas ainda
acontecem. Variam desde o simples pedido para a
expedição de um passaporte em 15 minutos, passando pela liberação de malas nos
aeroportos, até chegar a "xavecos" mais pesados, ou seja, negociações que
envolvem muito dinheiro e nomes muito próximos ao poder.
Agenda especial Lauro Trapp, outro sindicalista
presente ao congresso, representando os federais de São Paulo, conta que no período em
que chefiou uma das equipes da Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos, na década de
80, havia até uma |