"O Estado de São Paulo": 16 de Junho de 1997

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Tuma rechaça críticas a sua administração

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O SENADOR COMANDOU PF POR DEZ ANOS

Veja a seguir as confissões do ex-diretor-geral Vicente Chelotti:

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O senador Romeu Tuma (PSL-SP), ex-diretor do Departamento de Polícia Federal (OIT), rechaçou ontem em São Paulo as críticas de que teria sido um dos responsáveis pelo caos administrativo e operacional vivido pelo órgão. A avaliação foi feita pelo diretor do DPF, Vicente Chelotti, em entrevista publicada ontem pelo Estado, Chelotti responsabilizou seus antecessores pela crise em que se encontram os postos de froteira da PF.

"Além de falta de visão, não tinham nenhum tipo de identificação c responsabilidade em relação ao órgão, porque não eram da casa", afirmou Chelotti, referindo-se a ex-ocupautes do cargo. O senador foi um dos diretores que comandaram a PF antes de Chelotti. Tuma disse que no tempo dele as dificuldades administrativas também eram grandes. "Eu nunca reclamei de meus antecessores", disse. "Tenho uma gama de ofícios com pedidos leitos aos governos", argumentou o senador, que dirigiu a IV por quase dez anos, nos 

governos Sarney e Collor.

Para Tuma, não há sentido em reclamar de antecessores. "Trata-se de uma política de governo", justificou. Ele alegou que a DPF só gozou de boa saúde financeira durante o regi-me militar. O senador afirmou ainda que não conhecia o relatório que diagnosticou o caos da PF na fronteira, feito pelo delegado Aldeir Borio da Fonseca em 1994. "Não conheço o contendo desse relatório, mas sei das dificuldades encontradas pêlos superintendentes desde a minha época."

Tuma salientou que foi durante seu período à frente do órgão que a PF passou pôr um processo de internacionalização. "Quem abriu a PF para a área internacional fui eu", ressaltou. O senador foi o relator da lei aprovada no Congresso que cria um fundo de verbas arrecadadas com recolhimento de valores e bens confiscados de traficantes. "A ideia é fortalecer os pólos nos quais a PF tem dificuldades", disse.   (Pablo Pereira)

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Folha de São Paulo, 25 de Janeiro de 1999

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Ministro vai manter 'afilhado' de Tuma

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O ministro Renan Calheiros (Justiça) disse que por enquanto manterá no cargo o chefe da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), Marco Antônio Cavaleiro, "apadrinhado" do senador Romeu Tuma (PFL-SP), cuja demissão foi pedida pelo diretor-geral do órgão, Vicente Chelotti.
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Da Sucursal de Brasília

O ministro Renan Calheiros (Justiça) disse que por enquanto manterá no cargo o chefe da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes), Marco Antônio Cavaleiro, "apadrinhado" do senador Romeu Tuma (PFL-SP), cuja demissão foi pedida pelo diretor-geral do órgão, Vicente Chelotti.

"Num segundo momento iremos fazer as modificações necessárias", disse, atribuindo a um erro de burocracia a demissão do chefe da DRE, assinada no início deste mês e revogada um dia depois.

Calheiros negou que o senador paulista, ex-diretor da PF, tenha interferido para assegurar a recondução de Cavaleiro ao cargo.

O diretor-geral da PF disse que a exoneração do chefe da DRE foi proposta ao ministro dentro de uma série de modificações que pretende introduzir no órgão com o objetivo de aperfeiçoá-lo.

Descentralização

No caso de Cavaleiro, o diretor-geral quer substituí-lo para descentralizar as ações de combate ao narcotráfico. Quando assumiu a direção da PF há quatro anos, Chelotti disse que

a DRE possuía vários carros parados em Brasília, enquanto a superintendência do Acre não tinha nenhum.

"Não há nada de pessoal contra ele", disse o diretor-geral, referindo-se ao chefe da DRE, com o qual não despacha há anos. "É uma questão de visão profissional", acrescentou Chelotti.

Em sua opinião, Cavaleiro quer manter a DRE com o monopólio das ações de combate ao narcotráfico, gerando grande despesa para a instituição com o deslocamento de pessoal lotado em Brasília para atuar em áreas distantes da Amazônia, do Centro-Oeste e do Nordeste.

Esse mesmo trabalho, afirmou ele, pode ser realizado com maior eficiência pelas superintendências estaduais, que conhecem com mais detalhes a atuação das quadrilhas de traficantes.

Após ser reconduzido ao cargo, Cavaleiro disse à Folha que concordaria em deixar a DRE, mas exigia respeito do diretor-geral.

Chelotti confidenciou a assessores que já aprendeu no cargo a difícil arte de "engolir sapos". Não irá exigir a saída de Cavaleiro, mas não fará nenhum esforço para dar novas missões à DRE.

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Folha de São Paulo, 25 de Janeiro de 1999

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"OPERAÇÃO LIMPEZA": Diretor-geral da PF promete afastar cerca de 40 acusados de envolvimento em crimes.

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PF prepara demissão de mais policiais.

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O diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, que disse só ter recebido agora orientação para afastar os acusados.
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ABNOR GONDIM da Sucursal de Brasília

O diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti, enviou circular para as 27 superintendências estaduais do órgão com o objetivo de afastar os policiais que respondem a processos judiciais por supostos crimes contra a administração pública.

A nova "faxina" na Polícia Federal deve atingir cerca de 40 policiais, de acordo com levantamento entregue em junho passado pelo. procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.

O levantamento determinado pelo diretor-geral irá concluir a "operação limpeza" desencadeada há seis meses pelo ministro Renan Calheiros (Justiça), com o afastamento de 62 policiais suspeitos.

Desvio de verba e propina

Quatro policiais já foram afastados este mês. Entre eles estão a ex-superintendente do órgão em Roraima Suely Goerish e o ex-superintendente no Rio de Janeiro Edson Antônio de Oliveira.

Suely é acusada de desviar verbas públicas quando exerceu o cargo durante dois anos antes de retornar a Brasília. Oliveira responde a processo sob a acusação de ter recebido suposta propina de bicheiros no Rio de Janeiro. Os dois foram procurados pela Folha ontem, mas não foram localizados para falar sobre as acusações.

Em São Paulo, já está certo o afastamento do delegado Wilson Alfredo Perpétuo, por ter sido condenado em primeira instância sob a acusação de facilitar contrabando. Amigo de Chelotti, ele dirigia a delegacia da Polícia Federal em Ribeirão Preto (interior do Estado), de onde saiu em junho passado. Estão sujeitos a afastamento policiais que respondem a processos judiciais com base em crimes previstos nos artigos 312,313,316,317 e 318 do Código Penal.

Eles não poderão exercer atividades policiais,

mas continuarão a receber seus salários até a conclusão dos processos.

Esses artigos se referem a crimes de peculato (apropriação indevida de bem 

ou de dinheiro), concussão (obter vantagem indevida), corrupção ativa e passiva e facilitação de contrabando.

A medida foi exigida há duas semanas pelo ministro da Justiça, ao descobrir que a PF não havia concluído a "operação limpeza" iniciada em junho de 98, quando foram afastados principalmente policiais investigados em processos administrativos por falta grave.

De volta ao passado

O diretor da PF disse à Folha que não adotou antes o afastamento dos policiais acusados na Justiça por não ter recebido nenhuma orientação nesse sentido.

Para ele, não estava claro que a reedição dá medida provisória que tornou obrigatória a "suspensão preventiva" de policiais acusados em processos disciplinares sob a acusação de falta grave, como corrupção e envolvimento com traficantes, também seria aplicável para- os policiais denunciados anteriormente à Justiça.

Na interpretação de Chelotti, o afastamento só seria adotado em novos casos. "Em direito, há sempre interpretações diferentes", disse o diretor da PF:

O saneamento da Polícia Federal foi adotado em razão de pressões da Procuradoria Geral da República por causa de ameaças de morte que estavam sendo feitas a duas procuradoras, Maria Cristiana Amorim e Anaiva Oberst Cordovil. Elas investigavam policiais federais suspeitos.

As ameaças desencadearam uma crise entre a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal após o assassinato do ex-corregedor da Polícia Federal em São Paulo Alcioni Serafim Santana.

Ele investigava colegas suspeitos com a ajuda da procuradora Maria Cristiana Amorim. Foi morto a tiros na frente de sua casa no dia 27 de maio passado.

O saneamento da PF foi baseado em medida provisória editada no dia 30 de junho de 98. Na reedição da medida provisória, publicada no início de agosto, passou a constar também a aplicação da "suspensão preventiva" para os policiais acusados em processos judiciais.

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