Vide transcrição a seguir:

Ex-superintendente da Polícia Federal de São Paulo, acoberta contrabando de mercadorias eletrônicas de amigo contrabandista.

TRANSCRIÇÃO DE CONVERSA TELEFÔNICA.

Elaborada por SECRETEL, Serviço de Inteligência Científica Ltda.

PERSONAGENS:

(V) MARCO ANTÔNIO VERONEZZI. Superintendente Regional da Polícia Federal de S.P.

(A) ARMANDO PANICHI FILHO. Diretor Administrativo Regional da Polícia Federal de S.P.

(R) REGINA. Secretária da Superintendência Regional do DPF SP.

(C) ANTÔNIO CELSO CIPRIANI. Contrabandista, Diretor da Transdados/Transbrasil, genro do dono da empresa, abastecedor de equipamentos contrabandeados para aquela empresa.

A CONVERSA TELEFÔNICA:

R — Pois não?

C — Polícia Federal?

R — Sim Senhor.

C — É Bety?

R — É Regina.

C — Ôh Regina, Celso, tudo bem?

R — Ôh Celso, tudo bem. E você?

C — Tudo legal.

R — Está sumido?

C — O Armando está aí?

R — Espera um pouquinho só, vou passar, tá?

C — Obrigado.

A — Alô.

C — Armando. Você está bom? Armando, tenho uma emergência.

A — Puxa vida, que foi?

C — Você conhece Paulo Miyoshi?

A — Paulo...?

C — Miyoshi.

A — Ouvi de nome rapaz, mas... não... mais.

C — É da Receita Federal.

A — É agente? É delegado?

C — É delegado.

A — É gorduchinho, fortizinho?

C — Não sei como ele é, o negócio é o seguinte: Um tal de Miyoshi, com um tal de Américo da Receita ... Eles estão em dez, na Transdados, que é uma empresa nossa de processamentos de dados. Estão procurando coisa "errada" lá e vão achar.

A - Porra! Qual a transa lá, vai?

C — Eih?

A — Qual é o nome, Trans...?

C — Transdados. A Transdados é o que cuida do... do... do processamento de dados da Transbrasil. A gente, tem que manter aquelas máquinas funcionando e a gente leva "material" para lá, não como todo mundo faz, todo mundo leva para vender. Nós levamos "material" para mantermos nossas máquinas trabalhando. E deve ter havido alguma denúncia anônima de um cara que já sei até quem é. E eles estão lá procurando. Já acharam um micro-computador que "fui eu que levei", para a gente trabalhar. Eles estão no 227-1239-.

A — Tudo bem.

C — ...na rua Paula Souza.

A — Tudo bem. E você está onde agora?

C — Eu estou em Miami (Florida dos EeUu.)

A — Tá bom.

C — Eu queria que você visse, se é que está de bem com Paulo Miyoshi...

A — Eu vou falar com o Veronezzi.

C — Você vai falar com o Veronezzi?

A — Você quer falar você mesmo com ele?

C — Você não quer você falar e eu fico na linha?

A — Eu falo. Segura um momentinho só. Segura, um momentinho.

C — Acontece o seguinte: Eu quero que os caras saiam de lá e eu vou ai, "conversar". Vou pra o Brasil hoje, amanhã...

A — Espera ai...

C — ...para "conversar"

A — Fica na linha só. Fica na linha.

C — Vê qual é, ouviu, vê qual é a denúncia que tem, e eu "esclareço" tudo aí, mas, não quero "escândalo".

A —Tudo bem. Fica na linha,

HOUVE UMA ESPERA DE UM MINUTO E QUINZE SEGUNDOS. (atende o Veronezzi)

V - Alo... Pronto...

C - Veronezzi?

V - Ele. 

C - É Celso.

V - Ôh Celso. Tá bom meu amigo?

C - Estou. E você?

V - Tudo bem.

C — Veronezzi, a Transdados é a subsidiária de cem por cento da nossa Transbrasil, que cuida da nossa reserva, nosso processamento de dados e, me disse meu gerente de lá, que tem uns dez homens entre Polícia Federal e Receita Federal. Pelo que "aconteceu" recentemente, conosco lá, eu já sei até que deve ler sido uma denúncia em cima da gente.

V — Sim. Sim.

C — "Se procurar, vai achar".

V — Certo.

Alo... (interferência).

C — "...se procurar vai achar", porque você sabe que para a gente manter as máquinas operando a gente precisa "fazer alguma coisa", e "quem faz, sou eu".

V — Certo.

C — Então eu queria, que se você pudesse...

V — Eu vou ver, eu vou ver como que está a situação...

C — ... Tirar este pessoal de lá, eu vou pra aí, hoje, "sento com você amanha", e "esclareço" o que os caras "estiverem procurando".

V — Olha, ôh Paulo... é... Celso... alô... Veja bem. "Se for só da Polícia, não vai ter problema". Mas, se a Receita estiver junto, eu não vou ter como tirar eles de lá, entendeu?

C — Eu vou "amarrar" por outro lado pela Receita também.

V — Eu vou fazer este contato já e o Armando volta falar contigo.

C — Eu te ligo daqui cinco minutos, que estou   em Miami.

V — Daqui dez minutos, então .

C — Dez minutos e neste meio tempo, eu vou  chamar, eu vou chamar a Receita...

V — Tá bom.

C — ...ou você acha melhor, você conversar primeiro com o Paulo e depois eu "aciono" a Receita?

V—Eu vou falar com ele primeiro.

C — É melhor?

V — É isto ai.

C — Então no telefone: 227-1239 você pode falar com Paulo Miyoshi.

V — Tá bom. Vou fazer os contatos.

C — Eu te ligo daqui dez minutos

V — Tá bom.

C — Chiau.

V — Tá. OK.

Esta fita gravada, foi considerada autêntica pelo próprio Superintendente Regional da Polícia Federal de S.P., conforme suas declarações no Jornal do Brasil, em 28 de Março de 1989. e na Revista "Veja" edição 1074 de 5 de Abril de 1989, onde o "protetor" de contrabandistas e Superintendente do DPF dizia:

"A fita é autêntica, mas a acusação não procede"

Não é a primeira vez, que aquele Superintendente "favorece", prevaricando, os familiares do dono da Transbrasil, Ornar Fontana.

Em 08/09/88, "VERONEZZI", ordenou a não aplicar o flagrante, ao Romano Anselmo Fontana Filho, acusado, por tentativa de evasão de divisas ao exterior.

Art.22, Parágrafo Único, da lei 7492, de 16 de junho de 1986, combinado com o Art. 14, II., do Código Penal, apesar das exigências e advertências do delegado Dr. Luzenildo F. Felix, endossadas, pela delegada, Dra. Iracema Lorite da Silva. Corregedora Regional Judiciária.