O representante do Ministério da Previdência Social de São Paulo, Roberto Solto Maior, esclareceu não ter a menor importância o fato dos telefones do INAMPS estarem grampeados, porque é uma forma de transmitir informações incorretas para os grupos interessados em fraudar a Previdência.

Salientou que os vários setores ligados aos hospitais implicados na fraude possuem um "modus operandis" bastante sofisticado e que levou tempo para ser descoberto na ação conjunta da Polícia Federal e INAMPS.

— Somente desconfiamos que os telefones do INAMPS estavam sendo grampeados, porque terceiros tinham conhecimento do que a representação do Ministério e a presidência do INAMPS aqui em São Paulo discutia. Seguindo os resultados dessas conversas chegamos ao fato — os telefones grampeados. Então, com muita inteligência começamos a passar informações verdadeiras e falsas misturadas, contundindo as escutas.

Ontem, Roberto Solto Maior se reuniu com os representantes do INAMPS, Iapas, Funabem e LBA, como faz todas as primeiras terças-feiras do mês.

TUMA IGNORA

O delegado Romeu Tuma, superintendente da Polícia Federal, declarou, que ignora o caso da escuta nos telefones da representação do Ministério da Previdência, apesar de falar diariamente com Roberto Sotto Maior, que ocupa cargo de confiança do ministro Jarbas Passarinho. Em conversa informal com a imprensa Tuma declarou que o flagrante lavrado contra o Hospital e Maternidade Matarazzo surgiu de investigações realizadas pela Polícia Federal e não das 

sindicâncias realizadas pelo INAMPS.

NOTA da transcrição: As fraudes do INAMPS, foram descobertas e levantadas pela empresa Secretel, que deu conhecimento à PF, diretamente ao superintendente naquela época delegado Romeu Tuma. Pois os 'grampos' foram detectados pela empresa acompanhada pela equipe de Operações Especiais da PF, solicitada pelo diretor da empresa o eng.º Georges P. Sellinas.     

O superintendente da P.F., disse que o presidente João Figueiredo não dá apoio a ninguém, nem poderia dar.

— O presidente determina o que deve ser feito e cobra resultados, além de punir quem não cumpre suas obrigações. Eu nunca fui pedir apoio ao presidente como foi noticiado. Fui apenas informá-lo do que estava ocorrendo em relação ao INAMPS, de acordo com determinações do meu superior, Moacir Coelho.

INQUÉRITOS

Cerca de 300 diretores de hospitais de São Paulo estão envolvidos nas fraudes contra o INAMPS, que vem sendo apuradas em 34 inquéritos instaurados pelo Departamento de Policia Federal. Todos os inquéritos, desde o último dia 8, estão em poder do INAMPS, que deverá oferecer perícia e demais dados que possam auxiliar as investigações, em cumprimento a determinação do juiz Laurindo Minhoto Neto, da 3.a Vara Federal.

Os primeiros 27 inquéritos foram instaurados contra diretores de hospitais a pedido do próprio INAMPS. No desdobramento das investigações, a Polícia Federal apurou novos fatos que a levaram a instaurar por sua conta sete outros inquéritos.