Folha de São Paulo: 20 de Agosto de 1992

Fiel Transcrição:

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PAINEL DO LEITOR

Morte de Herzog 

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"Fiquei altamente surpreso com o comportamento desonesto do vosso jornalista Cláudio Júlio Tognolli. com a publicação da matéria 'Carla relata detalhes da morte de Herzog'. do dia 13/08, utilizando argumentos como sendo de minha autoria. Atendendo seu telefonema solicitando-me informar se o 'suicidado', advogado Antônio Saíto, havia me informado detalhes sobre a tortura e morte do jornalista Vladmir Herzog, como também se eram do meu conhecimento os nomes do 'capitão Ramiro' e do 'capitão Ubirajara'. Respondi que nada poderia confirmar, por falta de provas, pois é um caso sério e é necessária a máxima prudência, mas confirmei apenas que Saíto me havia superficialmente informado a respeito, durante os nossos contatos no passado (que terminaram há quatro anos e antes de persegui-lo pelos ilícitos cometidos por ele). Restringi-me apenas a esclarecer que o 'suicídio' divulgado considero assassinato do tipo 'Herzog', pois existem motivos que encaminham a essa conclusão, motivos esses que tornarei públicos brevemente. Foi exatamente esse o diálogo telefônico com o referido jornalista, o qual, desonestamente, inventou argumentos e expressões como sendo de minha autoria. Tal comportamento encaminha a conclusões que o jornalista procurou comprometer-me. atendendo talvez 'pedido' dos meus inimigos corruptos que constantemente venho denunciando."

Georges P. Sellinas (Atenas, Grécia)

 

Resposta do jornalista Cláudio Júlio Tognolli 

Sellinas sentiu-se ofendido porque eu o vinculei ao SNI, órgão do qual foi colaborador junto com Saíto.

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NOTA DE SELLINAS: SAÍTO, NUNCA FOI MEU SÓCIO OU AMIGO. FOI MEU CLIENTE (FOI UM COMPRADOR DE EQUIPAMENTOS DE MEMORIZAÇÃO DE CONVERSAS TELEFÔNICAS DE FABRICAÇÃO DA IBRANOVI DO BRASIL, HOMOLOGADOS PELO MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES).  

SAÍTO, POR CIRCULAR NOS MEIOS DE INFORMAÇÃO, ME CONFIDENCIAVA ALGUMAS VALIOSAS INFORMAÇÕES QUE VINHAM AO SEU CONHECIMENTO, COMO TAMBÉM, INÚMEROS ILÍCITOS COMETIDOS PELO "STAFF" DO EX-DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL ROMEU TUMA E DE CUMPLICIDADE DO EX-SUPERINTENDENTE DO DPF, MARCO ANTÔNIO VERONEZZI, AS QUAIS ENTREGAVA EM CARÁTER AMISTOSO E PESSOALMENTE AO ACIMA CITADO EX-DIRETOR-GERAL. (vide inúmeros noticiários no site: www.gs1.com.br no link: "impunidade", como também outros noticiários no site: www.sellinas.com

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Vejam a seguir: Denúncia escrita que Antônio Saíto deixou em seu advogado, para ser lida, após sua morte:

Folha de São Paulo, 13 de Agosto de 1992

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O jornalista Vladmir Herzog, que morreu em outubro de 75

Leia a íntegra do documento

Leia a seguir o texto da carta deixada pelo nissei ao advogado Aldo Francini:

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"Informo-vos que na madrugada do dia 25 de outubro de 1975 para dia 26, às 02hl4', o jornalista Vladmir Herzog foi morto sob tortura. Fora feita com choques elétricos (maquinetas de telefone de campanha do Exército), sendo amarrada uma das pontas na cabeça de seu pênis e outra ponta do fio no seu ânus, obrigando Herzog a confessar seus contatos, seus aparelhos e locais de encontros, que se dividiam da seguinte forma: contato do 1° dia das X horas, às Y horas, no local Z. O 3° encontro não comparecido era mal evidente de que o contato havia caído (preso). O Vlado foi morto através de choques elétricos e ainda sendo sua cabeça mergulhada num tambor com água e enxofre, até a sua morte. O Vlado foi torturado pelo Doutor Lúcio (um coronel da arma de artilharia, Dalmo Lúcio Cirilo) e seu auxiliar, investigador optante da extinta Guarda Civil, Dr. Waldomiro Bueno Filho. Após sua morte Herzog foi colocado numa cela, amarrado a um cinto de couro que pertencia ao Péricles, do Rio Grande do Sul. O capitão Ramiro, ou Pedro Grancieri, ajudou a colocar seu corpo na cela após sua morte. O Grancieri era conhecido como "Pedro Perigo", que matou oito pessoas. Isso é o que tinha de informar".

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Folha de São Paulo, 13 de Agosto de 1992

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Carta relata detalhes da morte de Herzog

Nissei se mata e deixa texto

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CLÁUDIO JÚLIO TOGNOLLI

Da Reportagem Local

O promotor Arésio Souza, de São Paulo, recebe hoje documento que revela novos detalhes na morte do jornalista Vladmir Herzog. Trata-se de uma carta escrita pelo nissei Antônio Saíto, que se suicidou com uma forca, na última segunda-feira, numa cela do 91 ° Distrito Policial (zona oeste). Preso sob acusação de estelionato. Saíto acusa na carta um militar e um delegado de terem participado na morte do jornalista.

A Folha obteve com exclusividade a íntegra da carta, entregue pelo nissei a seu advogado. Saíto diz que teriam participado das sessões de tortura do jornalista o delegado Waldomiro Bueno Filho e o coronel do Exército Dalmo Cirilo. Herzog foi morto no dia 25 de outubro de 1975, nas dependências do Doi-Codi (Centro de Operações e Defesa Interna), no Paraíso (zona sul). O caso Herzog foi reaberto há dois meses. 

O juiz corregedor Geraldo Franco diz que a carta "tem de ser vista com difícil credibilidade '', dado o passado criminal 

de Saíto. O delegado Waldomiro Bueno considera as acusações "absurdas". Afirma dispor de um depoimento em que Saíto se diz "agente duplo'', trabalhando "para a esquerda e para a direita". "Saíto quis se vingar de quem o prendeu pelos seus crimes, como eu", diz o delegado Bueno "Tudo é besteira''.

O grego Georges Sellinas, um amigo pessoal de Saíto, disse à Folha por telefone, de Atenas. na Grécia, que o nissei se enforcou porque "não aguentava mais as pressões da Polícia Federal. Eles sabiam que o Saíto iria denunciar todos aqueles que participaram da morte de Herzog".

Sellinas e Saíto foram colaboradores do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI). Sellinas diz que Saíto chegou a dizer-lhe que ex-membros do SNI teriam lhe oferecido US$ 50 mil para que "ficasse calado" sobre o enforcamento de Herzog.

Georges Sellinas afirmou que Saíto era o homem encarregado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de mapear os cemitérios em que os mortos da guerrilha urbana seriam enterrados.

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