gasto nas conversas",
lembrou o engenheiro. Outro equipamento que parece ter saído dos filmes de ficção
científica se assemelha a uma azeitona, e pode reproduzir um xerox no mesmo instante em
que ela está sendo feita por um funcionário em uma empresa. "Só é necessário
adaptá-la à máquina de cópias. Depois, é só esperar que os planos de uma máquina
sejam xerocados para também obtê-los", ressaltou Sellinas.
Nos meios de comunicação, o setor de espionagem
também está muito avançado tecnologicamente. Com um minúsculo aparelho ir em um
telefone, pode-se ouvir conversas escritório e também gravá-las.
Os rádios transmissores também não escapam aos
"bisbilhoteiros": no início do ano embora não tenha sido feito
propositadamente, um radioamador maranhense escutou durante dez horas as conversas do
presidente José Sarney com amigos, parentes, políticos e até militares.
Isso porque o presidente, desde que tomou posse,
nunca se preocupou em manter suas conversas em sigilo absoluto, através de sofisticados e
caros equipamentos eletrônicos que bloqueiam qualquer tipo de interferência.
ESPIONAGEM, E A EMPRESA
QUASE VAI À FALÊNCIA
Georges Sellinas pode falar de muitos assuntos
relacionados à espionagem e contra-espionagem industrial. Agora, comentar sobre seus
clientes "é proibido". Ele justifica a reserva pelo fato de que um empresário
jamais admitiria que foi espionado. "Isso demonstraria um certo desleixo",
acredita.
Mas, sobre casos que já foram amplamente
divulgados pelos meios de comunicação, ele não se
importa de comentar. "Há alguns anos, uma firma de piscinas quase foi à falência.
Motivo: espionagem.
Conforme explicou Georges, a espionagem começou
quando um dos sócios da empresa, que era uma das maiores do ramo, se desentendeu com o
outro e se dispôs a desfazer a sociedade. Já fora da empresa, ele montou uma concorrente
que, "milagrosamente", progrediu em ritmo acelerado.
A razão do progresso, depois de muito trabalho lho,
Sellinas descobriu: antes de sair definitivamente da empresa de piscinas, o primeiro
sócio montou uma bem instalada rede de espiões, com acesso aos orçamentos e novos
clientes.
"Então, ele chegava primeiro nos clientes
contatados pela sua antiga empresa e oferecia preços melhores", descobriu Sellinas.
Após desbaratar a "quadrilha" de espiões, a firma voltou ao seu faturamento
normal.
Mas existem ainda casos mais rumorosos. No Sul, um
governador foi amplamente espionado. Somente depois de vários meses, a contra-espionagem
descobriu o que ocorria dentro do Palácio:
do Governo. O mesmo aconteceu com um senador
pernambucano, que, por consequência de sua corrupção, foi cassado. Tudo foi descoberto
através da espionagem eletrônica.
Em março de 1983, jornais e revistas davam
grandes espaços ao então presidente da República
João Baptista Figueiredo, que estava sendo
espionado por uma indiscreta escuta telefônica, um "grampo", em sua própria
sala de audiências. Embora até mesmo o SNI tenha entrado em ação o autor da espionagem
eletrônica jamais foi divulgado. Especulações à parte, na época, comentou-se que o
SNI estava envolvido. Verdade ou mentira, ninguém saberá.
Uma coisa é certa: espiões modernos não vestem
mais longos casacos de gabardine. Armam-se de um arsenal da mais alta tecnologia e miram
as grandes indústrias, políticos e autoridades. |