Fiel Transcrição da revista Policial nº 6 de 1984:

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IMPRENSA ELOGIA SELLINAS,

DESTAQUES PROFISSIONAIS

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CUIDADO!

Um milhão de espiões estão atrás dos seus segredos.

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Uma maleta, com sofisticados equipamentos eletrônicos de contra-espionagem.

Georges Sellinas, o contra espião.

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TEXTO DE ABNER LEANDRO

Um milhão. Este é o número aproximado de espiões industriais que agem livremente no Brasil, roubando e copiando tecnologia de ponta. Pelo menos é o que acredita o engenheiro grego Georges Sellinas, diretor da Secretel - Serviço de Inteligência Científica, uma empresa especializada em contra-espionagem eletrônica.

Sellinas, que já trabalhou na contra-espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, para os Aliados, além de comandar grandes centros de radares da Otan - Organização do Tratado do Atlântico Norte -, na Grécia e na Turquia, resolveu ampliar as atividades de sua firma a partir de 1973.

"Logo depois do caso Watergate, que resultou na queda do presidente americano Richard Nixon, sentimos que a espionagem eletrônica surgia com grande força em todo o mundo, não só nos Estados Unidos. Tínhamos que fazer alguma coisa para combater a espionagem na mesma proporção em que ela crescia", afirmou o engenheiro.

Foi a partir de então que a Secretel. além de fabricar equipamentos de contra-espionagem, passou também a prestar serviços na área de crimes tecnológicos, científicos e eletrônicos, usando a mesma arma dos espiões industriais: tecnologia.

FALTA DE PREPARO

Na opinião deste "contra-espião". os empresários brasileiros ainda desconhecem o verdadeiro número dos espiões que agem em suas empresas, transferindo e copiando tecnologia de ponta. "O número, um milhão, pode ser assustador, mas é a pura realidade", revelou.

E o crescente raio de ação desses espiões se deve a um só fator: tanto o governo, como as estatais, as indústrias nacionais e até as multinacionais não estão preparadas para conter o avanço do furto de tecnologia.

"Muitos empresários são vítimas de furto por desleixo", advertiu Sellinas, acrescentando que, por razões ainda desconhecidas, nossos industriais não têm interesses em proteger os segredos de seus produtos. "Isso pode levar qualquer indústria à falência", completou.

ALTA TECNOLOGIA

Ao mesmo tempo em que a espionagem industrial se tornou um lucrativo meio de vida e se alastrou de forma quase incontrolável, os equipamentos para essa prática acompanharam tecnologicamente este crescimento.

Um incrível arsenal - que colocaria qualquer James Bond no "chinelo" -, está à disposição dos espiões industriais. São de tecnologia de ponta e Sellinas explica o funcionamento de alguns deles: "Uma das mais poderosas armas que vêm sendo utilizadas pelos espiões chama-se tele-foto-objetiva".

Segundo ele este equipamento pode gravar uma conversa dentro de um ambiente fechado a uma distância de até 20 quilómetros. "Isso apenas com a decodificação das variações da iluminação ambiental", explicou Georges Sellinas. Existe ainda outra forma deste sofisticado equipamento penetrar os segredos de uma indústria. Através de um pequeno "chips", que funciona na frequência do infravermelho, conversas podem ser escutadas na mesma proporção de distância da tele-foto-objetiva.

Em matéria de gravações, a espionagem industrial está altamente sofisticada. Exemplo disso é outro pequeno "chips" que pode armazenar diálogos durante 24 horas, por 12 dias ininterruptamente. Este equipamento, conforme explicou Sellinas, se auto-alimenta de energia e custa aproximadamente 55 mil dólares no exterior.

"Depois de gravados os 12 dias de conversa em um escritório, por exemplo, demora somente um segundo para que essas informações sejam decodificadas e armazenadas em um outro equipamento, que, por sua vez emite o tempo total

gasto nas conversas", lembrou o engenheiro.

Outro equipamento que parece ter saído dos filmes de ficção científica se assemelha a uma azeitona, e pode reproduzir um xerox no mesmo instante em que ela está sendo feita por um funcionário em uma empresa. "Só é necessário adaptá-la à máquina de cópias. Depois, é só esperar que os planos de uma máquina sejam xerocados para também obtê-los", ressaltou Sellinas.

Nos meios de comunicação, o setor de espionagem também está muito avançado tecnologicamente. Com um minúsculo aparelho ir em um telefone, pode-se ouvir conversas escritório e também gravá-las.

Os rádios transmissores também não escapam aos "bisbilhoteiros": no início do ano embora não tenha sido feito propositadamente, um radioamador maranhense escutou durante dez horas as conversas do presidente José Sarney com amigos, parentes, políticos e até militares.

Isso porque o presidente, desde que tomou posse, nunca se preocupou em manter suas conversas em sigilo absoluto, através de sofisticados e caros equipamentos eletrônicos que bloqueiam qualquer tipo de interferência.

ESPIONAGEM, E A EMPRESA QUASE VAI À FALÊNCIA

Georges Sellinas pode falar de muitos assuntos relacionados à espionagem e contra-espionagem industrial. Agora, comentar sobre seus clientes "é proibido". Ele justifica a reserva pelo fato de que um empresário jamais admitiria que foi espionado. "Isso demonstraria um certo desleixo", acredita.

Mas, sobre casos que já foram amplamente

divulgados pelos meios de comunicação, ele não se importa de comentar. "Há alguns anos, uma firma de piscinas quase foi à falência. Motivo: espionagem.

Conforme explicou Georges, a espionagem começou quando um dos sócios da empresa, que era uma das maiores do ramo, se desentendeu com o outro e se dispôs a desfazer a sociedade. Já fora da empresa, ele montou uma concorrente que, "milagrosamente", progrediu em ritmo acelerado.

A razão do progresso, depois de muito trabalho lho, Sellinas descobriu: antes de sair definitivamente da empresa de piscinas, o primeiro sócio montou uma bem instalada rede de espiões, com acesso aos orçamentos e novos clientes.

"Então, ele chegava primeiro nos clientes contatados pela sua antiga empresa e oferecia preços melhores", descobriu Sellinas. Após desbaratar a "quadrilha" de espiões, a firma voltou ao seu faturamento normal.

Mas existem ainda casos mais rumorosos. No Sul, um governador foi amplamente espionado. Somente depois de vários meses, a contra-espionagem descobriu o que ocorria dentro do Palácio:

do Governo. O mesmo aconteceu com um senador pernambucano, que, por consequência de sua corrupção, foi cassado. Tudo foi descoberto através da espionagem eletrônica.

Em março de 1983, jornais e revistas davam grandes espaços ao então presidente da República

João Baptista Figueiredo, que estava sendo espionado por uma indiscreta escuta telefônica, um "grampo", em sua própria sala de audiências. Embora até mesmo o SNI tenha entrado em ação o autor da espionagem eletrônica jamais foi divulgado. Especulações à parte, na época, comentou-se que o SNI estava envolvido. Verdade ou mentira, ninguém saberá.

Uma coisa é certa: espiões modernos não vestem mais longos casacos de gabardine. Armam-se de um arsenal da mais alta tecnologia e miram as grandes indústrias, políticos e autoridades.

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