Estado de São Paulo, 11 de Novembro de 1993

Fiel Transcrição:

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Brasileiros culpam Justiça pela corrupção.

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Para 56% dos entrevistados pelo Ibope, impunidade garante existência de políticos desonestos

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A maioria dos brasileiros acha que há políticos corruptos porque a Justiça não funciona e acredita que o País precisa de um presidente que governe sem a interferência do Congresso. A conclusão é de pesquisa realizada pelo Ibope entre os dias 29 de outubro e 3 deste mês, com 2 mil eleitores em todo o Brasil. Do total dos pesquisados, 67% defendem um Executivo forte, 82% acreditam que a classe política é a instituição menos confiável, seguida dos partidos políticos com 76% e empresários com 65%. Para 56% dos entrevistados, se existem políticos corruptos é porque a Justiça brasileira não pune ninguém, e para 41% é porque a maioria dos eleitores brasileiros não tem condições de votar de forma consciente. Sobre a expectativa dos resultados da CPI do Orçamento, 34% acham que somente alguns parlamentares serão julgados e punidos, e 28% acreditam que nada será provado e ninguém será punido.

Apesar da falta de confiança na classe política, 62% dos pesquisados acham uma injustiça com os políticos honestos e sérios dizer que todos os congressistas estão envolvidos em corrupção, 58% consideram a política brasileira mais corrupta do que a de outros países. No entanto, 54% concordam que o trabalho de deputados e senadores é essencial para o funcionamento da democracia no País. Na opinião de 29% dos pesquisados, se a maioria dos brasileiros tivesse uma chance de ganhar dinheiro sem ser punida, faria o mesmo que os políticos. Segundo a pesquisa, a instituição mais confiável, com 77%, é a igreja católica, seguida dos meios de comunicação, com 62%.

A maioria dos entrevistados, 68%, demonstrou pouco ou nenhum interesse por assuntos políticos. Metade das pessoas pesquisadas defende a adoção imediata de um pacote econômico, mas 34% acreditam que a inflação deve continuar a ser combatida sem pacote. Para 36% dos entrevistados, o empresário Paulo César Farias, o PC, vai continuar livre, morando no Exterior para sempre. Na opinião de 89% dos eleitores, não é possível o deputado João Alves (PPR-BA) ganhar tantas vezes na loteria. O objetivo do

levantamento foi obter dos eleitores brasileiros as opiniões relacionadas a assuntos políticos e administrativos. Sobre o grau de conhecimento das denúncias de corrupção, 68% disseram que ouviram falar, e 31%, que não ouviram. Do total pesquisado, 41% consideram essas denúncias tão graves quanto as que envolveram o ex-presidente Fernando Collor, 23% as consideram graves, mas nem tanto quanto as de Collor, e 21% consideram essas denúncias as mais graves que o País já presenciou nos últimos governos.

Quanto ao grau de veracidade das denúncias, 41% acham a maioria das denúncias de corrupção no Congresso verdadeira, e 33% acham totalmente verdadeiras. O Ibope também perguntou sobre as consequências da revisão constitucional. Do total de entrevistados, 33% responderam que não sabiam, 23% acreditam que a revisão trará mais benefícios do que prejuízos, 18% apostam que trará só prejuízos e 16% acreditam que trará mais prejuízos que benefícios. —

Os assuntos que os eleitores pesquisados mais aprovam na mudança da Constituição são: voto não-obrigatório (70%), os serviços públicos administrados exclusivamente pelos governos estaduais e prefeituras nas suas regiões, com verbas repassadas dos impostos (58%) e as atividades de telecomunicações ser realizadas por empresas privadas, e não só pelo governo (55%). Os dois assuntos menos aprovados na reforma constitucional, foram: a extinção de alguns encargos trabalhistas, como Fundo de Garantia do Tempo de Serviço o adicional de um terço do salário nas férias (73%) e a aposentadoria por idade (cerca de 60 anos), e não mais por tempo de serviço (53%).

Na comparação entre a corrupção constatada atualmente e nos governos militares e de José Sarney, 52% disseram que era menor do que hoje em dia, e 32% acreditam que antes era maior ou igual, mas a imprensa não divulgava. Apenas 6% disseram que era maior ou igual, e a imprensa divulgava tanto quanto hoje.

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