A maioria dos
brasileiros acha que há políticos corruptos porque a Justiça não funciona e
acredita que o País precisa de um presidente que governe sem a interferência do
Congresso. A conclusão é de pesquisa realizada pelo Ibope entre os dias 29 de outubro e
3 deste mês, com 2 mil eleitores em todo o Brasil. Do total dos pesquisados, 67% defendem
um Executivo forte, 82% acreditam que a classe política é a
instituição menos confiável, seguida dos partidos políticos com 76% e empresários com
65%. Para 56% dos entrevistados, se existem políticos
corruptos é porque a Justiça brasileira não pune ninguém, e para 41% é porque
a maioria dos eleitores brasileiros não tem condições de votar de forma consciente.
Sobre a expectativa dos resultados da CPI do Orçamento, 34% acham que somente alguns
parlamentares serão julgados e punidos, e 28% acreditam que nada
será provado e ninguém será punido. Apesar da falta de confiança na classe política, 62% dos pesquisados acham uma
injustiça com os políticos honestos e sérios dizer que todos os congressistas estão
envolvidos em corrupção, 58% consideram a política brasileira
mais corrupta do que a de outros países. No entanto, 54% concordam que o trabalho
de deputados e senadores é essencial para o funcionamento da democracia no País. Na
opinião de 29% dos pesquisados, se a maioria dos brasileiros tivesse uma chance de ganhar
dinheiro sem ser punida, faria o mesmo que os políticos. Segundo a pesquisa, a
instituição mais confiável, com 77%, é a igreja católica, seguida dos meios de
comunicação, com 62%.
A maioria dos entrevistados, 68%, demonstrou
pouco ou nenhum interesse por assuntos políticos. Metade das pessoas pesquisadas defende
a adoção imediata de um pacote econômico, mas 34% acreditam que a inflação deve continuar a ser
combatida sem pacote. Para 36% dos entrevistados, o empresário Paulo César Farias, o PC,
vai continuar livre, morando no Exterior para sempre. Na opinião de
89% dos eleitores, não é possível o deputado João Alves (PPR-BA) ganhar tantas vezes na
loteria. O objetivo do |
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levantamento foi obter dos eleitores brasileiros as opiniões relacionadas a assuntos
políticos e administrativos. Sobre o grau de conhecimento das denúncias de corrupção,
68% disseram que ouviram falar, e 31%, que não ouviram. Do total pesquisado, 41%
consideram essas denúncias tão graves quanto as que envolveram o ex-presidente Fernando
Collor, 23% as consideram graves, mas nem tanto quanto as de Collor, e 21% consideram
essas denúncias as mais graves que o País já presenciou nos últimos governos. Quanto ao
grau de veracidade das
denúncias, 41% acham a maioria das denúncias de corrupção no Congresso verdadeira, e
33% acham totalmente verdadeiras. O Ibope também perguntou sobre as consequências da
revisão constitucional. Do total de entrevistados, 33% responderam que não sabiam, 23%
acreditam que a revisão trará mais benefícios do que prejuízos, 18% apostam que trará
só prejuízos e 16% acreditam que trará mais prejuízos que benefícios.
Os assuntos que os eleitores pesquisados mais
aprovam na mudança da Constituição são: voto não-obrigatório (70%), os serviços públicos
administrados exclusivamente pelos governos estaduais e prefeituras nas suas regiões, com
verbas repassadas dos impostos (58%) e as atividades de telecomunicações ser realizadas
por empresas privadas, e não só pelo governo (55%). Os dois assuntos menos aprovados na
reforma constitucional, foram: a extinção de alguns encargos trabalhistas, como Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço o adicional de um terço do salário nas férias (73%) e a
aposentadoria por idade (cerca de 60 anos), e não mais por tempo de serviço (53%).
Na comparação entre a corrupção constatada
atualmente e nos governos militares e de José Sarney, 52% disseram que era menor do que
hoje em dia, e 32% acreditam que antes era maior ou igual, mas a imprensa não divulgava.
Apenas 6% disseram que era maior ou igual, e a imprensa divulgava tanto quanto hoje. |
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