Da Reportagem
Local
O empresário Augusto Morbach Neto disse ontem na
Justiça Federal que o ex-superintendente da Polícia
Federal (PF) em São Paulo, Marco Antônio Veronezzi, o "coagiu" a prestar um
depoimento em novembro de 1991. Na ocasião, Morbach foi preso em
flagrante com cerca de SS$ 4 milhões e na PF gravou um depoimento onde afirmou, entre
outras coisas, que parte do dinheiro pertencia a Fábio
Monteiro (ex-assessor da Presidência da República) e que Leopoldo Collor
irmão do ex-presidente Fernando Collor era o responsável pelo mercado
paralelo do dólar em São Paulo.
"Fui coagido a
dizer o que foi gravado. O Veronezzi me chamou em sua sala e fez um
roteiro das respostas que deveriam ser dadas", disse Morbach ao juiz
Cassem Mazioun. "Os delegados Costa (Antônio Manoel
Costa) e Deneno (Marcus Vinícius Deneno) faziam as perguntas enquanto Veronezzi entrava e
saia da sala", afirmou.
Ontem no final da tarde, a Folha não
encontrou os delegados na sede da PF em São Paulo. |
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Morbach é acusado de formação de
quadrilha para o tráfico internacional de drogas. Ontem ele negou ter praticado os crimes.
Afirmou que nunca fez tráfico e nem organizou quadrilhas. O empresário disse ao juiz que
os US$ 4 milhões apreendidos pertencem a ele e foram obtidos pela intermediação de
vendas de "tecnologia e material bélico para o Ira, Israel, Iraque e outros
países". Morbach
afirmou que desde 1985 trabalha para uma empresa de consultoria na Alemanha chamada
Tecnikon Alianzza e que os US$ 4 milhões foram obtidos por intermédio de comissões
recebidas
dessa empresa. Contudo, declarou ao juiz que em 1985 não sabia sequer falar alemão.
Quanto aos colombiano Diego Gutierrez e José
Palou acusados de pertencer ao cartel de Cali e que estiveram com Morbach hospedados
no Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo, o empresário afirmou que os conhece por
causa de um negócio que seria feito. "Eles queriam comprar uma área na fronteira do
Brasil com a Venezuela para despejar lixo industrial da França", disse. |
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