Jornal da
Tarde, 27 de Julho de 1988
Fiel
transcrição
Poucos
policiais, muitos escândalos.
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OS
ESCÂNDALOS NA POLÍCIA FEDERAL NA GESTÃO DO EX-DIRETOR GERAL
DA PF E DO SUPERINTENDENTE DE SÃO PAULO, MARCO ANTÔNIO
VERONEZZI |
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Habituado a investigar as mais poderosas
organizações do crime principalmente na área do contrabando e do tráfico pesado de
drogas, o delegado Marco Antônio Veronezzi, superintendente regional da Polícia Federal,
enfrenta interna sem precedentes, movida a escândalos de corrupção que podem abalar
implacavelmente a própria estrutura do órgão. Há
alguns meses começaram a estourar denúncias, muitas delas já comprovadas. nas quais
agentes e até delegados federais despontam em primeiro plano, mergulhados em histórias
de extorsão e associação a contrabandistas e traficantes internacionais, Há duas
semanas, o furacão ganhou mais força ainda, quando explodiram revelações sobre o
suborno de um milhão de dólares no rumoroso caso Banespa. (denúncia de autoria do eng.º Georges P. Sellinas) O novo
tumulto sacudiu a PF, como jamais acontecera antes. Pelos corredores e salas da torre envidraçada de 20 andares, no centro
de São Paulo edifício que abriga a Polícia Federal paulista , discutem-se
nervosamente os caminhos do suborno, ecoando em Brasília, onde fica instalada a direção
geral, sob o comando do delegado Romeu Tuma. Os dois, Tuma e Veronezzi, sabem o que podem custar o caso Banespa e a
história do suborno que o envolve. Por isso, passaram os últimos dias anunciando que
vão apurar tudo "com rigor".
Aqui ninguém abafa
nada garante Veronezzi. Quando recebo qualquer denúncia, ainda que seja um
informe sobre irregularidades envolvendo o meu pessoal, mando investigar imediatamente.
#####Veronezzi tem motivos de sobra para
estar
preocupado. Afinal, quase 10% do
seu efetivo de delegados está sob a mira de apurações sobre bandalheiras. Ao todo, 90 delegados trabalham na superintendência paulista, e
seis deles, oficialmente, encontram-se "enroscados" em sindicâncias
disciplinares ou inquéritos criminais. Veronezzi tem motivos de sobra para
estar preocupado. Afinal, quase 10% do
seu efetivo de delegados está sob a mira de apurações sobre bandalheiras. Ao todo, 90 delegados trabalham na superintendência paulista, e
seis deles, oficialmente, encontram-se "enroscados" em sindicâncias
disciplinares ou inquéritos criminais. Joaquim Trolezzi Veiga, por exemplo, surge duas
vezes, em dois episódios diferentes no conteúdo mas igualmente fulminantes.
No ano passado, a Polícia do Estado, através da
sua Divisão de Entorpecentes,
descobriu uma rede de traficantes internacionais que transportava cocaína do Brasil para os
Estados Unidos a
bordo de aviões da empresa aérea Pan Am. A quadrilha ficou
conhecida no mundo inteiro como Conexão Pan Am e
diversos de seus integrantes foram presos e condenados. Dois deles Júlio Petenucci
e Marcelo Consorte delataram o delegado
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Trolezzi Veiga. "Ele
dava cobertura para o pessoal da conexão", disseram os traficantes. A prisão
preventiva de Trolezzi
Veiga chegou a ser pedida pelo delegado que
presidiu o inquérito, na PF. Agora, Trolezzi Veiga retorna
ao cenário dos escândalos, suspeito de ser um dos intermediários no suborno de um
milhão de dólares, dinheiro que teria sido pago para aliviar a situação de Octávio
Ceccato no inquérito Banespa. Veiga nega tudo, mas poderá ser indiciado em
inquérito por crime de corrupção ativa.
Corrupção
Dois agentes federais
Mário Jorge Fernandes
Pires e Benedito Gaspar Gusmão Filho foram capturados em
flagrante, na região de Ourinhos, interior paulista. quando davam cobertura a um
caminhão Mercedes Benz vermelho, que transportava um contrabando de dezenas de caixas de
uísque, champanha, vodca, copos de cristal e porta-gelos. Outros dois agentes deverão
ser demitidos porque extorquiram Cz$ l milhão dos proprietários de uma discoteca da rua
Pamplona, cujos equipamentos de som não possuíam cobertura de nota fiscal.
Em outra história de corrupção,
pelo menos cinco agentes estão implicados diretamente na venda de passaportes a
cidadãos sírios e líbios. Com esses documentos
perfeitamente legais, uma vez que endossados, embora involuntariamente pela autoridade do
setor à época de sua expedição , os sírios e libios entraram na Inglaterra,
como brasileiros. Cada passaporte
era vendido ao preço de 10 mil dólares.
A agitação não pára por aí. Há pouco mais de
um mês, os delegados Adilson Calamante e Moacir
Moliterno, juntamente com um técnico de censura, engrossaram o rol dos acusados um
comerciante procurou o filho de um conhecido delegado que trabalha na PF e lhe disse que
queriam extorquí-lo em Cz$ 1,5 milhão para liberarem o registro de sua empresa de
vigilância e segurança. Marco Antônio Veronezzi mandou abrir inquérito e já avisou
que os dois delegados e o censor deverão ser indiciados.
Carlos Noel Cruz é outro delegado
acusado de tentar extorquir dinheiro do proprietário de um hospital de Osasco, envolvido
nas fraudes contra a Previdência. Carlos Noel e um agente
federal respondem a inquérito e processo administrativo que deverá culminar com a
demissão de ambos.
Para um efetivo tão reduzido 860 policiais
no Estado, 500 deles na Capital a Polícia Federal tem-se revelado pródiga em
escândalos. Contra essa tormenta, Marco Antônio Veronezzi promete muito empenho: "Não tenho telhado de vidro". |
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IMPORTANTÍSSIMO: Veja o... "telhado de vidro" do ex-superintendente
de São Paulo, Marco Antônio Veronezzi e de
seu protetor, em outros links.
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