Folha da Tarde, 25 de
Agosto de 1988
Fiel Transcrição:
Sellinas recebe
alvará de soltura e se dispõe a falar

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"A
prisão de Sellinas tem relação com o caso Banespa. Ele foi preso depois que os federais
deram uma busca em sua empresa e encontraram equipamentos eletrônicos estrangeiros. Na
mesma busca foram apreendidas mais de 40 fitas cassetes, com gravações feitas por
Sellinas e onde, segundo Bension Coslovsky, podem estar também informações importantes sobre autoridades envolvidas no suborno de US$ um
milhão no caso Banespa". |
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DESTAQUE:
A busca e apreensão nos escritórios da empresa de Sellinas,
tinha como objetivo apreenderem fitas gravadas com denúncias contra policiais federais.
O juiz Sinval Antunes Filho,
da 11ª Vara da Justiça Federal, concedeu ontem à tarde alvará de soltura ao engenheiro
eletrônico Georges Sellinas, preso desde sexta-feira passada pela Polícia Federal,
segundo relata o repórter Dalton Moreira. Sellinas, que, segundo o advogado Antônio
Roberto Barbosa seria libertado ontem as 23:00' horas, encaminhou
telegrama anteontem ao ministro da Justiça, Paulo Brossard, se dispondo a fornecer provas
que envolvem autoridades no caso Banespa. O telegrama foi enviado pelo advogado
Bension Coslovsky. que visitou Sellinas no xadrez da Casa de Custódia do DPF/SP, e as
provas estariam guardadas em cofre de amigos. O advogado Antônio Roberto Barbosa, disse, que ontem, por determinação do superintendente da Polícia Federal em São
Paulo, Marco Antônio Veronezzi, Sellinas foi transferido de uma cela especial para outra
junto com presos comuns. O advogado disse que, como
engenheiro com curso universitário, Sellinas teria de permanecer em cela especial, |
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conforme determina o
Código Penal. Barbosa afirma também que a prisão de Sellinas tem
relação com o caso Banespa. Ele
foi preso depois que os federais deram uma busca em sua empresa e encontraram equipamentos
eletrônicos estrangeiros. Na mesma busca
foram apreendidas mais de 40 fitas cassetes, com gravações feitas por Sellinas e onde,
segundo Bension Coslovsky, podem estar também informações importantes sobre autoridades envolvidas no suborno
de US$ um milhão no caso Banespa. Sellinas foi a primeira pessoa a informar
Veronezzi sobre o suborno proposto ao delegado Francisco Pereira Munhoz para que o
ex-presidente do Banespa e secretário de Indústria e Comércio, Otávio Ceccato. tivesse
sua situação "facilitada" no caso Banespa.
"Sellinas é um colaborador de alto nível
da Polícia Federal há muito tempo. Desde que o delegado Romeu Tuma estava no Dops",
afirmou Antônio Barbosa, acrescentando que Sellinas e Tuma eram muito amigos. |
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Estado de São Paulo, 15 de Dezembro
de 1994
Fiel Transcrição (sem foto):
Sellinas, preso na
PF: documentos para Itamar e esperança de publicar um livro com suas denúncias
Grego que apontou
corrupção de policiais federais é preso

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Nestes últimos cinco anos,
Sellinas viajou muito entre a Grécia e Portugal e escreveu um livro com o título Os Corruptos
do Poder que está para ser editado em Lisboa. "Durante estes anos
recebi documentos de amigos do Brasil para lançar no livro e mostrar a vida de muitas
pessoas, principalmente dos que me acusaram e provocaram a minha condenação", disse
ele. |
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RENATO LOMBARDI Georges Sellinas, condenado por calúnia,
injúria e difamação, era procurado desde 1989.
ROMEU TUMA FOI UM DOS ACUSADOS
O grego Georges Sellinas, de
69 anos, condenado a 10 anos de prisão pela Justiça Federal, em São Paulo, em vários
processos por crimes de calúnia, injúria e difamação, foi preso ontem à tarde por
agentes da Delegacia Marítima Aérea e de Fronteiras, da Policia Federal, em sua casa, no
bairro de Vila Zelina, Zona Leste da Capital. Ele era procurado desde 1989.
Sellinas respondeu a vários processos por acusar de
corrupção os delegados Romeu Tuma, que na época era
diretor-geral da Polícia Federal, Marco Antônio Veronezzi,
que era superintendente da PF em São Paulo, o juiz João Carlos da
Rocha Mattos e outros policiais e ex-policiais federais. Entre 1986 e 1989, ele deu
entrevistas e mandou publicar nos jornais matérias pagas acusando os três de
corrupção.
O grego estava desaparecido desde 1989,
quando foi condenado à revelia a 4 anos e 8 meses pelo juiz Rocha Mattos. Na ocasião, os federais informaram que ele fugira para a Europa
temendo a condenação. Ontem, na sala do delegado José Augusto Bellini,
responsável por
sua localização e prisão, Sellinas disse ter documentos mostrando que se
ausentou do País para ser submetido a |
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uma cirurgia. "Quando
estava na Grécia, internado, fiquei sabendo que fora condenado", alegou. Nestes últimos
cinco anos, Sellinas viajou muito entre a Grécia e Portugal e escreveu um livro com o
título Os Corruptos do Poder que está para ser editado em
Lisboa. "Durante estes anos recebi documentos de amigos do Brasil para lançar no
livro e mostrar a vida de muitas pessoas, principalmente dos que me acusaram e provocaram
a minha condenação", disse ele.
Para voltar ao Brasil, Sellinas disse ter saído de
Portugal para o Paraguai, entrando pela fronteira em Foz do Iguaçu (PR). Estava morando
na mesma casa e ontem à tarde, ao sair para pegar os netos na escola, recebeu voz,
de prisão. "Eu nem sabia que tinha outras condenações; fui vítima de um
ex-advogado que me enganou e somente aqui na sala do doutor Bellini fiquei sabendo que
tenho outras condenações", reclamou.
Ele voltou para passar as festas de Natal e Ano Novo com a
família e conhecer uma neta de 4 anos. "Tenho muita coisa para falar e minhas
condenações estão sendo examinadas", afirmou Sellinas. "Há um mês recebi um
telegrama do presidente Itamar Franco, para quem mandei muitos documentos e cartas,
informando a minha situação e ele disse no telegrama que mandou ver o meu caso." |
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O Grego
Georges Sellinas que levou ao caso do suborno para "aliviar" Ceccato no
inquérito do Banespa, estaria envolvido em contrabando. O filho fala em "arrumação
da PF".
Jornal da Tarde, 22/08/88 |
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SELLINAS, AO
RETORNAR DA GRÉCIA, FOI PRESO DURANTE 5 MESES
E LIBERTADO COM
PRESCRIÇÃO DAS PENAS. (PERMANECEU
PRESO, DEVIDO AS FÉRIAS FORENSES E CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS NA VARA DAS
EXECUÇÕES DANIFICADA NAQUELA OPORTUNIDADE ATÉ QUE OS PROCESSOS
INDUSTRIALIZADOS PELOS CORRUPTOS FOSSEM PRESCRITOS PELA JUSTIÇA ESTADUAL).
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