concorrências para uma companhia
rival que apresentava projetos semelhantes aos seus nas licitações, e a orçamento
inferior.
Os escritórios da
Massey-Ferguson, em São Paulo, foram invadidos no fim de semana por alguém que se
apossou de uma cópia de um projeto secreto da empresa, relativo à implantação de uma
nova linha de tratores de esteiras.
A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) teve de efetuar mudanças
de urgência no seu mais recente avião, o EMB-120 Brasília, um turboélice para 30
lugares, e suspender a divulgação dos estudos sobre os avanços tecnológicos desse
projeto, depois de haver descoberto que a SAAB-Firechild, um consórcio sueco-americano,
estava desenvolvendo um modelo de aeronave quase que integralmente semelhante ao nacional.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas
Agropecuárias) perdeu pela diferença de um dia a marca da vacina Rinobacter, contra a
rinite suína, desenvolvida em seus laboratórios de pesquisas, para a multinacional
Rhodia-Merriex. No dia 4 de julho de 1982, a Embrapa recebia uma comunicação do
I.N.P.I.
(Instituto Nacional de Patentes Industriais), responsável pelo registro de marcas e
patentes, de que não poderia registrar a marca Rinobacter, porque, apenas 24 horas antes,
a Rhodia havia protocolado um pedido para mesma designação.
O empresário Cláudio
Barbie, ex-gerente
técnico da seção de cosméticos da Rhodia, revelou que uma indústria concorrente
descobriu, por meio dos fornecedores de embalagens, todos os novos produtos que a empresa
pretendia lançar e ingressava no mercado com similares, sempre em datas coincidentes ou
antecipadamente.
Robin Jones, diretor da firma britânica
Thomaz De La Rue no Brasil, confessou a polícia, no Rio, em outubro de 1975, ter enviado
um espião para fotografar uma máquina da empresa Cheque Luxo Ltda. O equipamento era
único no pais e dava à firma brasileira prioridade na fabricação de formulários
contínuos, sem emendas, em talho doce, para computadores.
O armador brasileiro Paulo Ferraz, da
Companhia de Comércio e Navegação (Instaleiro Mauá, no Rio de Janeiro), acusou o
estaleiro de reparos Lisnave, multinacional instalada em Lisboa, de roubar um estudo de
viabilidade tecnico-econômica, encomendado por sua empresa, para a construção de uma
unidade naval de reparos no Brasil.
A Fiat Lux possuía um projeto para lançar no
mercado brasileiro um isqueiro descartável, modelo francês, quando foi surpreendida pelo
surgimento de produto similar ao seu, fabricado pela Gilette e pela Bic.
Em 1975, firmas norte-americanas foram
formalmente acusadas de praticar espionagem comercial na zona de produção de cacau na
Bahia, a fim de especular com os preços do produto na Bolsa de Nova Iorque.
* Em 1981, na Feira Industrial de Hanôver, na
República Federal da Alemanha, espiões investigavam, a noite, o funcionamento do sistema
de frenagem automática do aeromóvel de projeto brasileiro, um veiculo revolucionário de
transporte coletivo, inventado pelo engenheiro gaúcho Oskar Coester.
Os exemplos somam-se a exaustão. O mais preocupante
é que o grande problema do Brasil - dizem os especialistas da área - é ainda a
facilidade com que se espiona o Pais. Há duas razões básicas: a falta de recursos para
evitar a espionagem e a incredulidade dos empresários brasileiros, que se recusam a crer
que estão sendo espionados.
"Há cinco anos", diz o
engenheiro Sellinas, "havia pelo menos uns 15 mil espiões industriais infiltrados
nas maiores áreas industriais do Pais; hoje, é impossível estimar o número desses
profissionais em atividade - e, numa época de crise como a que vivemos, é possível que
esse número seja duas vezes maior". |